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Além do Pokémon GO: Niantic quer ser ‘sistema operacional’ da computação espacial

Empresa segue apostando em IPs consagradas, mas receita substancial já vem de soluções para realidade aumentada
Alan Mandujano, Niantic
Alan Mandujano. Foto: Divulgação, Niantic

Você provavelmente conhece a Niantic por Pokémon GO, jogo para smartphones lançado em 2016 que permite caçar monstrinhos por aí, em lugares reais. Ou pode ser que seu preferido seja Monster Hunter Now. Ou Pikmin Bloom. Seja como for, o que há em comum entre esses games – além do licenciamento de IPs consagradas de grandes editoras como Nintendo e Capcom – é a realidade aumentada (AR), recurso tecnológico que “mistura” mundo real com gameplay.

Esses jogos consagrados, de IPs de peso inegável e comunidade imensa e engajada, são sem dúvida os grandes responsáveis pelo faturamento e reconhecimento da Niantic. Mas a empresa também tem concentrado esforços em se tornar uma provedora de tecnologia de AR não só para jogos, mas para diversas outras aplicações. É o que a empresa chama de “negócio de plataforma”.

Alan Mandujano, Niantic
Alan Mandujano (direita) com o time brasileiro da Niantic. Foto: Divulgação

Não por acaso a Niantic lançou ou aprimorou nos últimos anos uma série de produtos para desenvolvedores, incluindo o Lightship, engine de realidade, e o 8th Wall, solução de AR para web que promete oferecer experiências AR sem precisar de aplicativo e que vem sendo muito usada por agências de publicidade, explica Alan Mandujano, líder de marketing para a América Latina da Niantic, em entrevista por videoconferência ao The Gaming Era.

“Não posso falar sobre receitas, mas posso dizer que é parte importante do nosso negócio”, responde o executivo baseado no México, ao ser questionado sobre o quão importante, financeiramente falando, é esse negócio para a Niantic. “Estamos focados, claro, em games e produtos de consumo. Mas também temos parcerias com outras empresas de tecnologia.”

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O executivo faz um paralelo com a Epic Games, dona do Unreal Engine, ao dizer que a Niantic quer ser, através de sua plataforma, um grande provedor de soluções de realidade aumentada. E não só para games, mas para negócios de setores diversos, como varejo, moda e automotivo, entre vários outros.

A Pizza Hut, por exemplo, usou tecnologia da Niantic em uma ação em que foi possível jogar PacMan nas caixas de pizza. Nissan, Porsche, Honda e Toyota são marcas que já usaram realidade aumentada para permitir que o consumidor conhecesse um veículo, mesmo sem estar perto de um de verdade.

Ação da Nissan usando tecnologia da Niantic. Fonte: Niantic

“Mais do que receita, é uma forma importante de aumentar o uso da tecnologia. Um dos lemas maiores da Niantic é transformar o mundo real em algo ainda mais brilhante e divertido”, explica Eric Araki, líder de marketing da Niantic no Brasil, que participou da conversa.

Niantic e a realidade aumentada

Durante a conversa, Mandujano lembra que a Niantic nasceu como provedora de soluções de AR mesmo antes do lançamento de Pókemon Go. A empresa nasceu em 2010 como Niantic Lab. Foi fundada por John Hanke como startup interna do Google, e começou fornecendo soluções integradas ao Google Maps.

Foi só em 2015 que a empresa se tornou independente, após aporte de US$ 30 milhões da Nintendo e da The Pokémon Company. Aportes posteriores superaram US$ 200 milhões.

“John teve essa visão de como a computação espacial seria a próxima revolução. É por isso que ele criou a plataforma Lightship. A Niantic quer ser o ‘sistema operacional’ dessa nova era de computação espacial. E acho que estamos muito bem-posicionados”, diz Alan Mandujano, quando pergunto jogos em dispositivos como o Apple Vision Pro, lançado em janeiro.

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Imagem promocional de Pokémon GO. Imagem: Divulgação

Segundo ele, a plataforma de APIs da empresa já é madura o suficiente para que a Lightship seja usada em jogos e aplicações para óculos como o da Apple.

“Pokémon GO é um jogo que se joga em smartphones. Mas talvez não seja o caso em 10 anos. Talvez [o jogo] esteja em um headset. Não estou dizendo que estamos desenvolvendo para o Apple Vision Pro, mas estamos olhando para como serão as coisas no futuro”, diz.

Pokémon GO, claro

Quando pergunto se uma versão de Pókemon GO para o Apple Vision Pro está plenejada, Mandujano nega. (Eu tinha que perguntar.) O executivo preferiu dizer de modo genérico que todas as franquias exploradas pela Niantic podem permitem experimentações com novas tecnologias, mas não detalhou de que tipo.

O objetivo atual da Niantic é “nossos jogos sejam eternos, jogados em 10 ou 20 anos de agora”, disse. A estratégia para manter a vitalidade de um jogo social como Pókemon GO é, segundo ele, apostar na comunidade – o que inclui iniciativas específicas para certos países, como é o caso do Brasil.

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“Queremos um approach muito local. O Brasil para nós é um dos maiores mercados em termos de usuários. Tem uma grande população e engajamento e é ponto central do nosso esforço na América Latina”, disse, detalhando iniciativas recentes como o Carnival of Love, por exemplo. No México, a celebração do Dia dos Mortos também foi citada.

Há ainda os “clubes de aventureiros”, grupos de jogadores periodicamente reunidos em eventos com forte apelo social. No Brasil são mais de 65 comunidades, em 50 cidades diferentes, inclusive fora do “eixo Rio-São Paulo”. Cidades como Belo Horizonte, Fortaleza e Brasília receberam eventos do tipo e reuniram 10 mil pessoas mensalmente.

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Encontro de aventureiros de Pokémon GO. Foto: Divulgação, Niantic

“Há pequenas convenções de fãs em todos os lugares mensalmente. É contagioso. Queremos que as pessoas saibam mais desses eventos. É um dos pilares da Niantic: somos sociais. Jogos online são legais, mas os amigos que você faz na vida real duram mais e engajam mais”, diz Mandujano.

Dados não-oficiais indicam que o número de jogadores ativos de Pókemon GO no mundo hoje ultrapassa 82 milhões. O número não é confirmado pela Niantic, muito menos quantos desses players estariam no Brasil, mas diz que a América Latina é “uma das maiores em termos de usuários”.

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