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Controles Voadores compila lista com mais de 300 jogos indies brasileiros

Maioria dos games será lançada em 2024 ou 2025. The Gaming Era conversou com Lucas Toso, fundador do site, sobre o cenário indie nacional
Lucas Toso, Controles Voadores
Foto: Arquivo pessoal

O Controles Voadores, portal de notícias e podcast especializado em jogos indies brasileiros, divulgou na segunda (26) uma iniciativa trabalhosa e surpreendente: uma planilha com mais de 300 jogos indies ainda não lançados, todos desenvolvidos por brasileiros. A lista, que pode ser vista aqui e está na segunda edição, contém informações como gênero, estúdio responsável e link (geralmente apontando para a loja da Valve, o Steam, ou o Itchio).

Uma parte dos jogos listados está prevista para ser lançado em 2024 ou 2025, mas a maioria ainda não tem data certa de lançamento. Segundo Lucas Resende Toso, jornalista, fundador e “faz-tudo” do Controles Voadores, o objetivo da lista, compilada por ele próprio com ajuda dos indie devs brasileiros, nasceu primeiro como uma ferramenta pessoal para criação de listas de recomendações no próprio site.

Mas, depois, a planilha se tornou uma maneira de “facilitar o acesso e dar mais visibilidade para esses jogos”. “Honestamente, minha expectativa é sempre dar mais visibilidade aos jogos brasileiros e um espaço para os desenvolvedores verem seus projetos, principalmente os pequenos estúdios”, diz Toso, em entrevista ao TGE.

Confira a conversa que tive com o criador do Controle Voadores por e-mail:

TGE: Há quanto tempo você faz esse trabalho de compilar games indies brasileiros? Esse é o primeiro ano?

Lucas Toso: Bom, o projeto do Controles surgiu meio que como uma vontade de compilar jogos brasileiros, então posso falar que tô fazendo esse tipo de trabalho desde o finalzinho de 2022. Mas falando desse tipo de curadoria mais específica, com as planilhas, comecei em 2023 pensando em ter um banco de dados pra poder chegar no fim do ano e conseguir fazer textos falando sobre os “melhores jogos do ano” com mais profundidade.

TGE: Por que razão você começou? E com que objetivo final?

Toso: Acabei respondendo um pouco acima, mas o objetivo principal é facilitar o acesso e dar mais visibilidade para esses jogos. Centralizar e organizar um pouco essas listas, separar por estilos e tudo mais.

Existem outros dois trabalhos muito legais de curadoria, que são o Indústria de Jogos e o Frozaum, que tá fazendo um trabalho absurdo de historiografia dos jogos brasileiros no Backloggd, já tendo listado mais de 2 mil jogos brasileiros, desde o Amazônia do Ricardo Degiovanni até minigames muito específicos.

TGE: Qual sua expectativa com a divulgação da lista esse ano?

Toso: Honestamente minha expectativa é sempre dar mais visibilidade aos jogos brasileiros e um espaço para os desenvolvedores verem seus projetos, principalmente pequenos estúdios. Um dos objetivos do Controles em sua criação era algo como “dar material de clipping pros devs brs poderem mandar pra publishers”, algo do tipo!

TGE: São 300 games na lista, um número respeitável logo de cara. Você acha que faltam muitos para atingir a totalidade da produção nacional indie?

Toso: Na verdade, são mais de 300 jogos em 2023 e mais de 300 já na lista de 2024. E acredito que isso seja uma fração pequena da produção nacional total. Tanto pela quantidade enorme de advergames e jogos de marca que eu não coloco nesse levantamento, quanto pela minha metodologia, que levou em conta principalmente jogos lançados na Steam/Itchio e contas que encontro pelo Twitter e Instagram.

Sei que existe um número alto de devs que são mais focados no Facebook, por exemplo, que não consegui colocar tanto no estudo. Fora a quase infinita quantidade de projetos feitos em GameJams, que também quero colocar no radar mais pra frente.

TGE: Sua impressão é de que a produção indie nacional está crescendo? Por quê?

Toso: Tenho certeza de que está em franco crescimento! Estamos fechando fevereiro e já tem na lista de 2024 o mesmo tanto de jogos que tinha na de 2023, e muitos mais chegando a cada dia. Acho que os fatores variam desde maior acessibilidade de ferramentas e do conhecimento técnico para se fazer jogos, até o aumento de comunidades que se ajudam nos processos iniciais do desenvolvimento.

Isso sem falar no apelo financeiro que a área vem tendo, mas como eu olho mais pro lado sociocultural dos jogos, acabo não entrando tanto em questão (risos).

TGE: Visibilidade é a maior dificuldade que os estúdios indies brasileiros enfrentam atualmente? O que você acha que falta para melhorar o cenário pros devs nacionais?

Toso: É com certeza uma das maiores dificuldades. Visibilidade hoje em dia parece uma coisa muito relativa: você pode ter milhares de seguidores nas redes sociais, mas como e quanto isso se converte em wishlists [lista de desejos] e/ou vendas, por exemplo?! Acredito que isso engloba toda a questão da comunicação em si, criação de comunidade, marketing, força de marca…

Diria que a comunicação atualmente é tão importante quanto qualquer outra área técnica – e isso é muito difícil, porque comunicação é um negócio MUITO complicado. E para estúdios pequenos de uma, duas pessoas, como fica o tempo? Vira meio que uma escolha: investir tempo na divulgação ou investir tempo na otimização do jogo, no game design, na arte…

O ideal é conseguir investir em tudo, mas isso aumenta custos, atrasa datas… É um pouco cruel até.

Sobre o que falta, acredito que começamos a entrar num caminho muito promissor. A aprovação do novo Marco Legal é passo essencial para isso, regulamentando a profissão e dando mais suporte para os desenvolvedores – precisamos seguir pressionando. Além disso, pressionar também para mais aportes financeiros como os editais públicos e coisas do tipo.

Para mim, precisamos proteger os estúdios e desenvolvedores pra conseguir criar uma indústria competitiva e diminuir a perda de profissionais para o capital externo. Não acho que teremos uma Ubisoft brasileira, mas precisamos ter segurança o suficiente para estúdios conseguirem sobreviver – sejam estúdios de uma, dez ou cem pessoas – e poder continuar criando seus jogos autorais.

E na parte de cobertura jornalística: falta muito também. Mesmo os veículos mais independentes e que cobrem o cenário de jogos indies ainda não dão tanta atenção para os indies brasileiros. É um cenário que vem melhorando muito, mas que ainda sobrevive pelos criadores de conteúdo pequenos.

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