A Microsoft, fabricante do Xbox, revelou nessa quarta-feira (29) seus resultados para o segundo trimestre fiscal de 2025 – que compreende o período entre 1º de outubro e 31 de dezembro de 2024. O resultado foi positivo para a empresa como um todo, com a receita total chegando a US$ 69,6 bilhões no período, aumento de 12%, e enquanto o lucro líquido foi de US$ 24,1 bilhões, aumento de 10%.
Serviços de nuvem corporativos, que cresceram 21% na comparação ano a ano, e o negócio de inteligência artificial (+175% ano a ano e US$ 13 bilhões em receita) foram os grandes destaques.
Já em gaming os números não foram assim tão positivos: a receita total com jogos eletrônicos caiu 7% na comparação ano a ano, alcançando US$ 6,58 bilhões (frente aos US$ 7,11 bilhões do Q2 de 2024), com uma queda brutal (-29%) no volume de hardware vendido, ou seja, os consoles Xbox Series S e X.
A expectativa da empresa é que a receita obtida com a venda desses equipamentos “continue caindo ano a ano”. A Microsoft, em mais de uma ocasião, confirmou que haverá uma próxima geração de hardware Xbox, provavelmente em 2026, além de ter revelado que pretende lançar alguma espécie de console portátil no futuro – não se sabe se essa perspectiva negativa altera esses planos de alguma maneira.
Apesar disso, as vendas de conteúdo e serviços de games – o que inclui o Game Pass – cresceu 2% e registrou “performance mais forte que o esperado”. Na apresentação dos resultados, o CEO da Microsoft, Satya Nadella, disse que a base de assinantes do GP no PC cresceu mais de 30%, “conforme nos focamos em impulsionar as assinaturas completas em diversos dispositivos”.
Nadella também disse que o uso do Xbox Cloud Gaming, serviço de jogos rodando na nuvem, também aumentou, alcançando 140 milhões de horas transmitidas no trimestre.
Xbox, games e futuro
O executivo também revelou resultados específicos para alguns títulos. Disse que Call of Duty: Black Ops 6 foi o game mais vendido do período tanto no Xbox como no PlayStation, com o maior número de jogadores registrados no período de lançamento em toda a história da franquia. Outro grande lançamento, o jogo Indiana Jones and the Great Circle, ultrapassou quatro milhões de jogadores.
O resultado com os dois jogos é resultado direto da aquisição da Activision Blizzard King (ABK), concluída em outubro de 2023 – o que fez a receita anual com gaming da Microsoft subir de US$ 15,4 bilhões em 2023 para US$ 21,5 bilhões em 2024, após a incorporação fiscal. A Big Tech de Redmond já vinha investindo na formação de uma grande rede de estúdios – hoje todos congregados sob a bandeira Xbox Game Studios –, que inclui as estruturas da Zenimax (incluindo a Bethesda) e da Activision, além de outros de propriedade mais antiga, como a Rare, o Halo Studios e o The Coalition.
Mas, ao contrário do esperado pela maioria dos fãs mais antigos, a empresa intensificou o lançamento desses títulos em outras plataformas, inclusive o principal concorrente PlayStation 5, da Sony, abandonando de vez a tradicional estratégia de exclusivos que pautou a indústria nas últimas décadas. Também se espera que haja games Xbox no vindouro Nintendo Switch 2.
Nas palavras de Nadella, a estratégia para gaming é inteiramente focada em “aprimorar a rentabilidade do negócio, de modo a posicioná-lo para um crescimento de longo prazo, impulsionado pela demanda por conteúdo com margem [de lucro] alta e plataforma de serviços”. E diz que “vamos continuar entregando esse plano”.
Ou, traduzindo, exclusividades importam muito menos do que volume de jogos vendidos e serviços assinados. Na prática, o executivo parece estar prometendo a continuidade do negócio de gaming em consonância com a história da Microsoft, que sempre foi uma empresa de software e serviços. Se a nuvem é a grande geradora de receita, por que o modelo de negócios nuvem, baseado em software como serviço (SaaS), não seria transposto para o Xbox?
A receita obtida com conteúdo e serviços está, segundo a própria Microsoft, compensando a enorme queda registrada na venda de consoles Xbox. Resta saber se o aumento tímido de 2% vai ser capaz de realmente compensar essa receita perdida, especialmente após a aquisição multibilionária da ABK e da ousadia de se lançar em plataformas rivais cuja base instalada é muito maior, mas cujo retorno não parece ter sido até agora tão substancial.
O grande desafio para a Microsoft com sua estratégia recente é, finalmente, provar que todo dispositivo é, de fato, um Xbox.
Seja como for, a expectativa para os próximos dois trimestres fiscais de 2025 da Microsoft com a unidade de games como um todo é “crescimento de receita em dois dígitos baixos” – seja lá o que isso signifique –, impulsionado principalmente pelos “conteúdo first-party assim como o Game Pass”.