EXCLUSIVO: Tom Henderson nega uso de IA em site e anuncia equipe ‘brasileira’

Jornalista britânico lançou versão local do Insider Gaming, mas foi criticado por qualidade de traduções e suposto uso de IA como redatora
insider gaming, Tom Henderson
Imagem: Reprodução, Insider Gaming

Tom Henderson é um nome frequente no noticiário de games já há alguns anos. É um dos mais famosos “insiders” do mercado, tendo sido responsável por divulgar muitas informações sigilosas antes do aval dos departamentos de marketing de grandes estúdios e fabricantes. Por isso causou certa comoção o anúncio feito pelo jornalista britânico, na quarta-feira passada (27/03), de que seria lançada uma versão em português do Brasil de seu site, o Insider Gaming (além de uma versão em japonês).

O problema é que, quando o site entrou no ar um dia depois, os textos traduzidos ficaram, digamos, estranhos. Alguns dos termos e frases usadas parecem ter saído direto de uma ferramenta como o Google Tradutor.

Além disso, a autora dos textos, chamada Anna Pereira, foi acusada nas redes sociais de ser um bot baseado em inteligência artificial generativa. A foto dela foi encontrada inclusive em um banco de imagens pago.

Também houve acusações de falta de conteúdo original e localizado para o Brasil, e de descompromisso com a qualidade do jornalismo feito em português brasileiro. Após alguns dias de espera, Henderson respondeu as indagações feitas pelo The Gaming Era.

“Sim, ela [Anna Pereira] é uma pessoa real. No entanto, ela não é uma jornalista de games e, após falar com alguns jornalistas, parece que o problema é que ela não entende nossas terminologias dos games ou jeito de escrever”, me disse Henderson, em troca de mensagens nessa quarta-feira (1º) pelo LinkedIn.

O jornalista já havia negado, no próprio X (antigo Twitter), que Anna fosse uma IA. Segundo ele, antes de falar com o TGE, trata-se de uma profissional atuando sob pseudônimo.

“A ideia agora é trazer três jornalistas de games para traduzir nosso conteúdo exclusivo do website e algumas outras grandes histórias, mas também para criar conteúdo original também”, adiantou Henderson, admitindo que o site foi lançado “pobremente” e a autora “não estava à altura”.

O jornalista também promete mais novidades sobre a versão brasileira do Insider Gaming ao longo dessa semana. “Espero que o tamanho da equipe cresça nos próximos meses, mas por enquanto precisamos ter certeza de que há um lugar no mercado para nós”, disse.

Pergunto a Henderson a razão de lançar uma versão brasileira do site. Ele diz que o País é o quinto maior do mundo em número de jogadores, então “é um bom mercado para estar presente”. Além disso, ressalta, foi possível identificar uma “paixão da comunidade [brasileira] ao longo dos anos em que estou fazendo conteúdo sobre games”.

Segundo ele, seus seguidores brasileiros pediam frequentemente o lançamento do site no Brasil, apesar do Insider Gaming ser um site relativamente recente, mesmo em língua inglesa.

Tom Henderson: breve história, longa história

O site foi lançado em setembro de 2022, ou cerca de 18 meses atrás, por Henderson e Yannis Ziakas, artista grego que trabalhou em estúdios como Rocksteady e The Creative Assembly, e hoje atua com CEO do The3rd.one Group, especialista em produção de conteúdo digital. Ele também é CEO do próprio Insider Gaming.

Já Tom Henderson, por sua vez, cultiva uma “persona” misteriosa. Não publica fotos de si mesmo e dá pouca informação sobre experiências anteriores em seus perfis nas redes sociais, mesmo o LinkedIn. Por lá se apresenta como gestor da agência americana Greenlit Content (especializada em conteúdo editorial sobre games) e dono da Viral Junkie, “agência especializada em gaming e redes sociais que opera perfis que alcançam 120 milhões de pessoas por mês” – embora não fique claro exatamente que perfis são esses.

O mistério não o impede de ser frequentemente citado por outros sites de notícias, justamente por conta dos “furos” jornalísticos em que o Insider Gaming se apoia. Segundo o Similarweb, o website tem 3,7 milhões de visitantes mensais em média – o que é de fato impressionante para um veículo tão jovem. Mais da metade (55%) dessa audiência vem dos EUA, segundo o fundador.

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Henderson já havia ganhado fama nas redes sociais há alguns anos antecipando informações privilegiadas sobre a indústria de games – e muitas vezes acertando.

“Acho que nosso sucesso vem de dar ao público notícias e informações que ele não consegue em nenhum outro lugar e que realmente deseja ler. Só em 2023, fizemos cerca de 150 conteúdos exclusivos que incluíam a revelação de todas as principais peças do hardware do PlayStation [5 Pro], notícias sobre os próximos jogos e detalhes de bastidores do desenvolvimento de jogos”, opina o insider.

Ele diz que não queria que o site fosse “mais um” que reescreve comunicados de imprensa das empresas do setor (os press-releases) e faz chamadas “apenas por cliques para atingir metas corporativas”.

Tom Henderson diz que a versão brasileira do Insider Gaming é uma oportunidade de trabalhar com outros jornalistas e criadores de conteúdo brasileiros, além de desenvolvedores e editores. “Vamos aproveitar cada oportunidade que tivermos para criar uma boa forte de notícias entre a comunidade brasileira”, diz.

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