A TecToy finalmente revelou, nessa sexta-feira (22), o preço do seu tão aguardo PC portátil Zeenix – ou quase isso. Em matéria publicada na edição impressa do jornal Valor Econômico – e assinada pelo colunista e sócio do The Gaming Era, o jornalista Pablo Miyazawa – a empresa disse que o preço inicial da versão Lite do dispositivo será de R$ 2.699.
A pré-venda também começa nessa sexta no site oficial por um preço promocional – o valor final do Zeenix Lite deve ser de R$ 3.299. O problema é que o Zeenix Pro, versão mais “parruda” e realmente capaz de rodar jogos modernos, ainda não teve preço ou data de lançamento divulgadas.
A empresa confirmou a Miyazawa que a versão Pro só vai chegar ao mercado em 2025.
O Zeenix Lite da pré-venda virá acompanhado de um estojo e um teclado dobrável. Acessórios, como dock, joystick, teclado e mouse – que haviam sido anunciados pela TecToy como parte da linha Zeenix – também só chegam ao mercado no ano que vem, aponta a matéria do Valor.
A TecToy já havia revelado em suas redes sociais a data de início da pré-venda. Também havia confirmado em eventos que a venda começaria antes do Natal, ou seja, a tempo da temporada mais aquecida do varejo. Mas não mencionado que só uma das duas versões anunciadas do Zeenix chegaria ao mercado em 2024.
A grande diferença entre as duas versões do PC – Zeenix Lite e Zeenix Pro – é a performance. Por fora, ambos os PCs são iguais, e ambos rodam o mesmo sistema operacional Windows 11 da Microsoft sobre uma arquitetura AMD. Mas a performance da versão Lite deve ser inferior por conta do processador Athlon 3050e (versus o Ryzen 7 6800u da versão Pro) e deve servir para jogos de entrada ou, conforme o marketing da fabricante, por streaming.
A versão Lite também tem menos armazenamento que a Pro (256 GB contra 512 GB, respectivamente), menos memória RAM (8GB vs 16GB) e Wi-Fi de menor desempenho (Wi-Fi 5 vs Wi-Fi 6). A versão Pro também promete ser capaz de rodar jogos em monitores externos em resolução 4K, enquanto a Lite não promete nada além do 1080p (FullHD).
Mudança de estratégia?
As razões para esse lançamento “picado” não foram reveladas. Nas diversas ocasiões em que o TGE conversou com executivos da TecToy desde o anúncio do produto, ocorrido em junho desse ano, possíveis atrasos ou problemas no desenvolvimento foram negados.
A empresa chegou a nomear um executivo para liderar a renascida divisão da games, o experiente Klaus Gottsfritz, cuja chegada foi noticiada com exclusividade pelo The Gaming Era em outubro.
Na entrevista, Gottsfritz admitiu que sua mudança de área (o executivo já estava na TecToy) tinha como objetivo “fazer as coisas entrarem nos eixos”. E que a nova unidade de negócios da empresa precisava “se encaixar no todo”. As declarações permitiam supor que a empresa enfrentava dificuldades na estratégia de lançamento do Zeenix no Brasil após o sucesso do anúncio feito meses antes.
Os PCs portáteis Zeenix não são fabricados pela TecToy no Brasil, mas sim por um parceiro chinês, a AYN. O principal produto da empresa foi lançado em 2022 na China com o nome de Loki. Com algumas customizações, é esse aparelho que chegará ao Brasil em 2024. A promessa é que a fabricação do Zeenix nas plantas da TecToy aconteça em algum momento no futuro.
“Houve uma necessidade de reengenharia em alguns pontos”, explicou Gottsfritz ao The Gaming Era, sobre as diferenças da versão “original” do Zeenix que será vendida no Brasil. “Não pode dizer que é o mesmo equipamento que está lá fora. Mas as mudanças foram mais internas, ajustes de hardware e de software.”
O problema é que a estratégia de importação tem lá seus custos. Desde o anúncio do Zeenix, ocorrido no dia 22 de junho, o valor do dólar subiu de R$ 5,42 para os atuais R$ 5,82 (cotação fechada em 21/11). Ainda não se sabe se essa desvalorização do real é uma das razões para a estratégia atual da TecToy.
O segredo da marca
O nome Zeenix está relacionado à maneira como a Tectoy quer que sua história seja percebida pelo público que já a acompanha desde os anos 1990, quando a empresa fundada em 1987 viveu seu auge. Pedro Caxa, head de marketing de games da Tectoy, explicou ao TGE que o objetivo foi criar uma marca que se conectasse ao público de games retrô, mas que tivesse uma estética nova o suficiente para chamar a atenção dos mais jovens – por isso o nome da nova máquina, uma junção das sílabas “zee”, de Zeebo, e “nix”, da ave fênix.
A homenagem ao console infame da Tectoy (lançado em 2009 em parceria com a Qualcomm) foi um ato calculado para passar uma mensagem.
“Apesar de não ter sido um produto que atingiu seus objetivos comerciais, eu acho que foi um ato de coragem muito grande da TecToy fazer um console quase que do zero para competir com o Playstation 2”, explica Caxa sobre o Zeebo.
Ele afirma que todo o processo de branding durou “facilmente uns seis meses”. “No dia em que chegamos ao nome ‘Zeenix’, eu lembro que a gente se olhou e falou: ‘É esse!’”, ele lembra. “Zee remete à coragem, e nix, ao retorno, a volta triunfal da Tectoy ao mercado.”
No mais, fica claro que a estratégia da Tectoy visa resgatar os tempos em que a marca foi sinônimo de jogos e inovações tecnológicas no mercado brasileiro. Mas fica evidente também que esse resgate é parcial – a ideia, aparentemente, é estourar a bolha dos games e ir além.
“Essas coisas novas que estamos lançando, como o Zeenix e outras que virão na sequência, são voltadas para essa nova fase [da empresa] que a gente quer explorar bem”, explica Gottsfritz. “Quando se fala de Tectoy, as pessoas lembram do quê? De games. Mas a gente não queria fazer algo igual, porque igual já existem os concorrentes. Por isso, a ideia do Zeenix não é ser só para games. É multiuso: é um computador, só que é portátil.”
* colaborou Pablo Miyazawa
