Preços e tarifas viram fantasma silencioso sobre o mercado de games – inclusive na A. Latina

Empresas tentam manter cautela e lidam com diferentes níveis de impacto. Conversamos com algumas durante a Gamescom Latam
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Imagem: Reprodução, Microsoft

As tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, mesmo que em parte suspensas ou reduzidas pelo menos até julho desse ano, e o consequente aumento de preços de jogos, periféricos, consoles, hardware e até serviços, pairam como um fantasma silencioso sobre todo o setor de games. É possível senti-lo nos corredores da Gamescom Latam, principalmente quando se conversa com executivos de fabricantes e varejistas presentes.

Enquanto escrevo esse texto, sentado na sala de imprensa do evento em São Paulo, recebo a notícia – via The Gaming Business – de que a Microsoft vai aumentar seus preços em mercados chave: Estados Unidos, Reino Unido, Europa e Austrália. E não se trata de um algo desprezível: nos EUA, o console Xbox Series X vai ficar US$ 100 mais caro, chegando a US$ 600 de preço final.

Ainda não se sabe se haverá impacto desses aumentos no Brasil – os produtos da Microsoft, aliás, andam sumidos por aqui há algum tempo.

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Os jogos no console da Microsoft também devem subir ao longo do ano, passando por baixo dos “portões do inferno” abertos pela Nintendo poucos meses atrás. O novo console da fabricante japonesa, lançado nos EUA por um preço de mínimo de US$ 450, chegou ao Brasil pela bagatela de R$ 4.500, com jogos first-party alcançando os R$ 500 (e US$ 80 nos EUA).

A Nintendo tem um grande estande na Gamescom Latam. A empresa tem participado de todos os grandes eventos brasileiros e reiteradamente diz que o mercado local é importante. Muito embora a pré-venda do Switch 2 tenha começado no Brasil na quarta-feira (30), o novo console da marca só aparece na Gamescom impresso em um painel – e a empresa não está dando entrevistas, talvez evitando responder perguntas incomodas sobre preços.

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Visitantes do estande da Nintendo em frente ao único Switch 2 da Gamescom Latam. Foto: TGE

A Sony também já havia anunciado reajustes em seus serviços de assinatura, mas não nos jogos e consoles, ao menos por enquanto.

Assunto frequente

Considerando que boa parte das cadeias logísticas globais passam por China e EUA – vão muitas vezes dos países asiáticos para os galpões de grandes distribuidores na Flórida –, não é de se estranhar que o assunto surja com frequência nos estandes da Gamescom Latam.

“Nossos responsáveis pela logística são muito bons. Temos trabalhado para minimizar os efeitos negativos, mas observamos tudo com bastante cautela”, me disse um executivo de um grande fabricante de componentes para PC.

Segundo ele, ainda não há um impacto direto dos preços praticados no mercado brasileiro, mas não é possível descartar que isso ocorra em algum momento.

Outro executivo, dessa vez do setor de componentes, disse que a operação brasileira sofreu sim o impacto das tarifas de Trump, mas ainda tem conseguido manter os preços sob controle. Parte de sua produção vem da China e passa pelos EUA antes de vir ao Brasil, mas não toda, e as rotas logística são avaliadas dia a dia como forma de minimizar esse impacto.

Impacto já medido e alternativas

O impacto sobre o mercado global de PCs das tarifas de Trump, especialmente nos EUA, já foi até medido: segundo o Gartner, consultoria que mede o mercado global de tecnologia, as remessas mundiais de computadores cresceram 4,8% no primeiro trimestre desse ano. Isso porque os distribuidores e varejistas adiantaram encomendas e fizeram estoque como forma de reduzir os impactos do tarifaço no curto prazo.

Fabricantes que evitam o território americano em suas rotas parecem mais aliviados. É o caso de outra empresa de componentes com que conversamos no evento, e que traz seus produtos de Taiwan direto para os portos brasileiros.

“As tarifas americanas não nos afetam nem vão impactar os preços aqui”, me assegurou a executiva com que conversei.

Não atoa essa empresa tem reduzido o tempo entre os anúncios de produtos globais e o lançamento no Brasil – um componente marcado para anúncio durante a Computex, em Taiwan, deve chegar ao País na mesma data de lançamento global por “preços acessíveis”, segundo a executiva.

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