A Roblox, empresa por trás da plataforma gamer UGC de mesmo nome muito popular no Brasil, especialmente entre crianças e adolescentes, aproveitou a Gamescom Latam para anunciar um investimento substancial no País. A empresa vai construir um data center em São Paulo, capital, com lançamento previsto para o início de 2026 (ou em cerca de 12 meses), a um custo não revelado.
Até setembro de 2024, a empresa detinha 27 data centers no mundo, rodando em cerca de 135 mil servidores. Segundo Jim Greer, diretor sênior de engenharia de Roblox, em conversa com o TGE durante a Gamescom Latam, a nova estrutura é a “mais avançada” já construída pela companhia. O parceiro envolvido na construção não foi revelado, mas é notório que estruturas do tipo não são baratas, nem fáceis de construir.
O executivo, no entanto, assegura que o investimento vale a pena, considerando que o país é “estratégico” para o crescimento da plataforma: a maior comunidade de influenciadores de Roblox no mundo é a brasileira, por exemplo. E o número de usuários no País cresce anualmente a uma taxa superior a 20%. O crescimento foi de 183% entre o último trimestre de 2020 e o último trimestre de 2024.
“O Brasil é (…) nosso segundo maior mercado em termos de usuários diários e de desenvolvedores. Nosso objetivo [com a construção do data center] é ter menor latência, melhores taxas de quadros, downloads mais rápidos…”, disse o executivo. “E, claro, vamos nos focar em pessoas com dispositivos menos potentes. No servidor podemos fazer coisas como diminuir o número de polígonos e de detalhes para uma experiência mais fluída.”
A Roblox promete desempenho otimizado em celulares de baixo custo porque é uma plataforma importante no Brasil, cuja taxa de jogadores em dispositivos móveis é muito expressiva.
Outra razão apontada por Greer para um investimento tão massivo é a preparação da plataforma para tecnologias do futuro, como a inteligência artificial, por exemplo, que cada vez mais espaço entre os recursos de criadores em Roblox.
“O workload [carga de trabalho] de computação de IA é diferente, exige mais GPUs [placas de vídeo] e uma arquitetura diferente. É menos sobre armazenamento em mais sobre computação. Essa é a grande sacada”, explica. “Suportar esse crescimento [do Brasil e das tecnologias] exige uma estrutura dedicada.”
Foco nos desenvolvedores
Além do estande de Roblox na Gamescom Latam – um dos mais visitados do evento graças às várias atividades realizadas, principalmente para uma audiência jovem, muitas vezes com os pais logo ao lado –, a plataforma também fez palestras sobre o desenvolvimento de jogos. O objetivo, claro, é aumentar o número de criadores e, por tabela, de receita gerada.
Segundo Greer, as capacidades de criação de Roblox, além da base de 85,3 milhões de usuários ativos diariamente e custos operacionais baixos, são uma oportunidade para “criar jogos envolventes e negócios saudáveis”. O executivo deve apresentar casos reais de criadores no palco.
Outra palestra, marcada para sábado (3), e dessa vez ministrada por Justin Sousa, líder global da comunidade de desenvolvedores de Roblox, aborda a profissionalização dos criadores.
“O Brasil é central para o nosso negócio. Os desenvolvedores daqui fazem jogos para o resto do mundo, e a criação [com o novo data center] deve ser ainda mais rápida”, salientou Greer ao TGE. “Você publica um jogo e recebe feedback rápido, o que permite ter uma diversidade maior de jogos. Em Roblox você pode conhecer jogos que você jamais veria em outras plataformas”, explica ele.
Falando em outras plataformas, pergunto se o novo data center é um diferencial competitivo frente a outros UGCs populares no Brasil, como Fortnite, da Epic Games, e Minecraft, da Microsoft. Segundo ele, sim, pois a velocidade da criação e do ciclo de monetização de publicação dessas experiências se torna uma vantagem competitiva. E que ele está otimista sobre o impacto do anúncio da estrutura sobre os criadores brasileiros.
“Muito de Roblox diz respeito à variedade, então é muito importante. Se você vai baixar um jogo novo, quer fazer isso em segundos, certo?”, questionou. “Grande parte disso [do investimento] é facilitar essa diversidade de experiências.”
Preços regionais
O anúncio do data center vem pouco após o lançamento de preços localizados de experiências (chamados de Preços Regionais), que permitem aos criadores estabelecer valores específicos por região na compra de itens. Para os usuários, os valores em Robux (a moeda do jogo) passam a ser mais condizentes com a economia local, e não uma conversão direta do dólar.
Quando os criadores aderem, o Preço Regional determina automaticamente preços locais mais adequados. Isso, segundo a empresa, ajuda a vender mais e alcançar objetivos financeiros dos desenvolvedores, além de tornar os preços para os usuários mais acessíveis.
Por exemplo: um item que custe 1.000 robux nos Estados Unidos, com o Preço Regional, custaria 700 robux para usuários no Brasil e 500 para usuários na Índia. Testes iniciais do recurso no Brasil indicam que o ajuste de preços automático por região ajudou criadores a aumentarem em aproximadamente 26% a porcentagem de usuários que gastam dentro das experiências, diz a empresa.
Ainda em 2024, a Roblox planeja habilitar o Preço Regional para itens de avatar.
Em setembro do ano passado, a empresa anunciou a meta de ter 10% de toda a receita global da indústria de games passando pelo seu ecossistema. Para isso, tem oferecido mais opções de monetização para criadores, inclusive aqueles que criam e vendem itens para os avatares dos jogadores na plataforma.
