Razer e World ID anunciam solução conjunta com tecnologia polêmica de escaneamento de íris

Objetivo é diferenciar pessoas de bots com IA em games online. 'Razer ID Verificado pelo World ID' não estará disponível no Brasil inicialmente
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A 'Orb' da Tools for Humanity. Foto: Reprodução

A fabricante de periféricos americana Razer e a empresa de tecnologia Tools for Humanity, dona da plataforma de identidade digital World ID, anunciaram nessa segunda-feira (17) o lançamento de uma solução conjunta que busca combater o uso de bots com inteligência artificial em games online. Chamada de Razer ID Verificado pelo World ID, a tecnologia de “prova de humanidade” promete tornar mais seguros e justos os ambientes de jogo online.

Na prática a tecnologia da World ID deve aprimorar a identificação dos usuários do Razer ID, sistema de login unificado que a fabricante de periféricos já oferece há algum tempo. Segundo as partes, o uso da solução por parte dos desenvolvedores dos games vai restringir os jogos online compatíveis a pessoas com a identificação World ID, o que daria aos jogadores a certeza de estarem interagindo com seres humanos, não com IAs.

A parceria com a Razer mira os cerca de 280 milhões de cadastrados nas plataformas da fabricante de periféricos. O Razer ID permite atualmente acesso aos serviços e softwares do ecossistema da marca, incluindo um otimizador de desempenho para jogos (Cortex), uma ferramenta de configuração de hardware baseada em nuvem (Synapse), serviços de pagamento para jogos e um programa de recompensas (Razer Gold).

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O primeiro jogo a integrar a solução será TOKYO BEAST, da CyberAgent Inc., com lançamento previsto para o segundo trimestre de 2025. A verificação de conta humana é considerada “essencial” no jogo porque ele é um “criptogame”, ou seja, inclui recursos de criptoativos, como NFTs. Os jogadores também poderão realizar compras dentro do game utilizando o Razer Gold.

Escaneamento de íris

A Tools for Humanity foi fundada em 2019 por Alex Blania e Sam Altman – fundador e CEO da OpenAI, criadora do famoso ChatGPT – e promete uma plataforma de prova de humanidade digital. O projeto World diz que identifica um indivíduo sem armazenar a identidade dele integralmente usando criptografia e blockchain, o que em tese garantiria o anonimato e a privacidade dos usuários.

A empresa está oficialmente no Brasil desde novembro de 2024, mas por aqui é lembrada principalmente pela polêmica relacionada ao escaneamento de íris de cidadãos, feita por meio de uma esfera futurista – chamada “Orb” – que coleta a biometria presencialmente. Os equipamentos foram instalados em cinco localidades de São Paulo, capital, e quem topasse ter a biometria coletada recebia em troca uma quantidade de criptomoedas.

Obter um World ID totalmente verificado exige que o interessado faça um cadastro prévio no aplicativo da empresa e depois compareça presencialmente a um desses pontos de coleta de dados.

Milhares de pessoas toparam fazer o escaneamento, o que gerou preocupação em órgãos de defesa da privacidade, incluindo a Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que proibiu o pagamento pela coleta biométrica. A decisão foi mantida pelo órgão regulador após recurso administrativo julgado em fevereiro. A empresa pode enfrentar também uma CPI na Câmara Municipal de São Paulo.

Não por acaso a tecnologia não será disponibilizado logo de cara no Brasil. A versão brasileira da página do serviço aparece como indisponível na data de publicação desse texto. Segundo a assessoria de imprensa da Tools for Humanity, ainda não há previsão sobre a disponibilidade do serviço com a Razer no País*.

Os jogadores dos países com o serviço já anunciado podem se inscrever no site da Razer (em inglês). O Razer ID verificado pelo World ID está disponível na Argentina, Austrália, Áustria, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Alemanha, Guatemala, Indonésia, Japão, Malásia, México, Panamá, Peru, Filipinas, Polônia, Portugal, Singapura, Coreia do Sul, Tailândia e Estados Unidos.

Justificativa

A Razer e o World ID citam como justificativa para uso da solução o crescimento do uso da inteligência artificial em ambientes de jogos online. E citam uma pesquisa da Echelon Insights encomendada pela Tools for Humanity que aponta que 59% dos gamers dizem encontrar bots não autorizados em jogos regularmente. Mais de 70% alegam que esses bots estão “arruinando” a competição multiplayer, enquanto 74% acham que isso está tornando certos jogos menos divertidos.

O estudo indica ainda que quase um em cada cinco jogadores (18%) já abandonou um jogo devido à presença de bots. E quase 3 em cada 5 consideram importante distinguir se estão competindo contra um bot ou um humano.

* texto atualizado às 18h05 para inclusão do posicionamento da Tools for Humanity

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