EXCLUSIVO: Logística da Nintendo passa pelos EUA, e preço do Switch 2 pode ser ainda maior no Brasil

Sob rotas atuais, tarifas de Trump contra China e Vietnã devem encarecer aparelho no País. Preço local ainda não foi relevado
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Se você está contando moedas agora, saiba que é muito provável que o preço do Switch 2, quando for lançado no Brasil, seja alto. Todos os produtos da Nintendo importados para o País atualmente passam pela infraestrutura da Nintendo of America na Flórida, EUA, antes de virem para a América Latina, o que na prática significa que as tarifas do inconstante presidente norte-americano Donald Trump podem incidir também sobre o que os “nintendistas” brasileiros compram – além dos impostos já recolhidos por aqui.

O caminho logístico para abastecer o mercado local com os produtos da fabricante japonesa foi confirmado ao The Gaming Era sob anonimato por fontes do setor de distribuição e do varejo ouvidos nos últimos dias.

Todas acreditam que, sim, o preço do console Switch 2 e dos novos jogos, especialmente os físicos, vão sofrer no Brasil com as tarifas de Trump e podem ser ainda mais caros do que o previsto. Inclusive porque nenhuma das fontes ouvidas pelo TGE afirma ter recebido o console até o momento, ou seja, os aparelhos parecem ainda não estar em território nacional.

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Para evitar o problema, a Nintendo poderia mudar a cadeia logística para atender a região a partir de outro país, o que parece improvável com o lançamento global do console marcado para daqui a 50 dias.

Nos EUA, o preço do Switch 2, em sua edição mais básica, é de US$ 450valor bastante criticado pelo público da marca, já que a versão anterior do console foi lançada em 2017 por US$ 300. O valor do Switch 2 atual faria o preço do console no Brasil girar entre R$ 4 mil e R$ 4,5 mil, se considerarmos aquela regra informal quase sempre certeira de que os preços finais de eletroeletrônicos em reais são multiplicados por 10 a partir do valor em dólares.

Mas essa estimativa talvez não faça mais sentido, considerando tanto a volatilidade da nossa moeda nos últimos meses como a incerteza que afeta o comércio internacional no momento. Não por acaso, outras empresas do setor, como a Sony, anunciaram aumentos de preço recentemente.

De onde vem o Switch?

Atualmente, a Nintendo fabrica consoles em dois países da Ásia: a China, que sofre com tarifas de importação acumuladas de 125% para os EUA; e o Vietnã, que tem recebido nos últimos anos as fábricas da Nintendo, em um movimento para evitar as sanções contra o governo chinês impostas pelos norte-americanos nos últimos anos. Mas o país do sudeste asiático também amargou tarifas de 34% no último tarifaço de Trump – reduzidas no momento de publicação desse texto para 10% por 90 dias.

Os jogos, por sua vez, são fabricados principalmente no Japão, que deverá ser taxado em 25%.

Lembrando que, após chegarem aos EUA e serem tarifados por lá, os produtos também pagam impostos nos próximos países da América Latina em que entrarem – e o Brasil é conhecido pela carga tributária elevada, o que piora o cenário. No passado esse caminho não era necessariamente um problema, considerando que os impostos nos EUA eram relativamente baixos – até a chegada de Donald Trump ao poder pela segunda vez.

Segundo apuração do The Gaming Era, a Nintendo tem atualmente um único distribuidor oficial no Brasil – a Solutions 2 GO –, que concentrou o trabalho de abastecer o varejo local com os produtos da marca após mudanças nos últimos anos. A empresa também é parceria da Sony na fabricação nacional de discos Blu-Ray.

Há outros dois distribuidores autorizados e revender produtos da ‘Big N’ no País: a também brasileira Rcell (outro parceiro da Sony na distribuição do PlayStation 5) e a multinacional Ingram Micro. Há ainda grandes varejistas, especialmente e-commerces, que são distribuidores por si só e fazem acordos de importação direta de grandes volumes de produtos, trazendo-os sem intermediários para venda local.

A bem da verdade, grande parte dos produtos eletroeletrônicos e de tecnologia importados, especialmente por grandes distribuidores de tecnologia multinacionais, passam pelos EUA – e não apenas os videogames da Nintendo. Smartphones, tablets, hardware de PC, periféricos e consoles de outros marcas (como o PlayStation 5, da Sony) são exemplos.

Nintendo não confirma, nem nega

Tudo isso ajudaria a explicar porque o preço do Switch 2 ainda não foi divulgado no Brasil, e porque a data de lançamento global (5 de junho) não foi exatamente confirmada pela Nintendo por aqui – ela consta no site da marca e nas redes sociais, mas não nas declarações de qualquer dos executivos da Nintendo ouvidos por outros colegas da imprensa nos últimos dias.

“Nós estamos absolutamente mirando o lançamento no dia 1. Há diversas coisas que precisam ser resolvidas, você sabe. Trazer para o País e tudo mais. Mas estamos mirando o dia 1 ou o mesmo fim de semana”, disse Bill Van Zyll, vice-presidente e gerente geral para a América Latina da Nintendo ao influenciador Rodrigo Coelho, do canal Coelho no Japão.

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Bill Van Zyll, vice-presidente e gerente geral para a América Latina da Nintendo. Foto: Reprodução, Nintendo

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente da Nintendo of America, Doug Bowser, disse que o mercado brasileiro deve ser menos atingido pela guerra comercial. “… esses [países da América Latina] serão menos impactados e esperamos que continue assim”, disse o executivo ao jornalista Tiago Ribas em entrevista concedida na quinta-feira (3), ou seja, antes da disputa tarifária escalar ainda mais.

Segundo Bowser, a Nintendo estaria negociando os valores com os parceiros de distribuição na região. Essas negociações não foram citadas pelas fontes do TGE. O executivo também não deixa claro se haverá alteração na malha logística da Nintendo para atender nosso mercado.

Nós entramos em contato com a Nintendo questionando como a empresa pretende estruturar seus processos logísticos para atender o Brasil com o Switch 2, e se as tarifas impostas por Trump podem afetar o lançamento do novo console em nosso território. Mas ainda não tivemos respostas – e atualizaremos esse texto assim que houver retorno.

Tarifas já impactam mercados

Recentemente a Nintendo cancelou a pré-venda do Nintendo Switch 2 nos EUA, antes prevista para começar nessa quarta-feira (9), por conta da guerra tarifária iniciada por Donald Trump. Poucos dias depois, a empresa japonesa também cancelou a reserva antecipada no Canadá, muito provavelmente porque o país no extremo norte do continente utiliza a mesma malha logística.

A data de lançamento nesses territórios não foi alterada e segue agendada para 5 de junho. Mas ainda não há previsão, por parte da Nintendo, de quando a pré-venda começará.

A Nintendo of America está estocando o Switch 2 na América do Norte e outros territórios há algum tempo, confirmou Doug Bowser em entrevista à CNBC, o que deve reduzir o impacto das tarifas pelo menos nos primeiros dias após o lançamento do console. De todo modo, esse impacto seria sentido assim que o primeiro lote se esgotasse nesses territórios, caso não haja mudança definitiva na política de comércio internacional de Trump.

A guerra tarifaria inclusive fez alguns analistas reduzirem para baixo suas primeiras projeções sobre as vendas do Switch 2 nos primeiros 12 meses.

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