EXCLUSIVO: Pesquisa de brasileiro recebe R$ 1,45 mi para conectar gamedevs usando IA

Projeto GameDevUp, coordenado por Pedro Zambon, quer usar inteligência artificial para montar equipes de gamedevs
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Pedro Zambon. Foto: Arquivo pessoal

Um projeto coordenado pelo pesquisador brasileiro Pedro Santoro Zambon, fundador da consultoria brasileira Savegame.dev, e que está sendo desenvolvido na Universidade de Utreque, na Holanda, recebeu um investimento de € 235 mil (equivalente a R$ 1,45 milhão). O objetivo do projeto, chamado GameDevUp, é usar inteligência artificial para conectar diferentes perfis profissionais e formar equipes de desenvolvedores de jogos com todas as competências necessárias para tal.

O valor é oriundo de uma bolsa de pós-doutorado concedida pela União Europeia e chamada Marie Sklodowska-Curie, cujo maior objetivo é estimular projetos de pesquisa inovadores.

O dinheiro será recebido pela própria Universidade de Utrecht para financiar o desenvolvimento do projeto, explica Zambon. O aporte é usado para pagamento de pesquisadores, infraestrutura, experimentos, custos administrativos, impostos e demais custos de suporte ao projeto por cerca de 30 meses.

O GameDevUp foi iniciado em 2024 e faz parte da pesquisa de pós-doutorado de Zambon, que é consultor de políticas públicas relacionadas ao setor de jogos eletrônicos -e com o qual já tivemos a oportunidade de conversar em recentemente. Também é vice-presidente do Grupo de Interesse Especial em Incubação de Jogos da International Game Developers Association, a IGDA.

A ideia é usar IA para combinar diferentes perfis e competências profissionais para que atuem em melhor colaboração durante o desenvolvimento de um jogo eletrônico. Para tal, se vale de um sistema de “emparelhamento algorítmico” (algorithmic matchmaking, em inglês) que busca melhorar a forma como os desenvolvedores se conectam e colaboram.

O sistema considera e busca equilibrar habilidades técnicas, estilos de trabalho, traços de personalidade e preferências interpessoais. O método promete uma abordagem amigável aos criadores.

Segundo Zambon, a ideia do GameDevUp é respeitar agência e preferências e orientar decisões, não decidir pelos profissionais ou substituí-los. É a primeira vez que uma ferramenta desse tipo será desenvolvida para uso específico na indústria de videogames.

“O que vi muito nesses últimos anos é que a indústria de videogames tem poucas ferramentas para enfrentar seus desafios, com abordagens frequentemente baseadas em instinto, experiência pessoal, métodos não validados ou estruturas genéricas de outros setores”, explica Zambon ao The Gaming Era. “Então é um sonho poder me dedicar para desenvolver essas soluções, com a infraestrutura de uma das maiores universidades do mundo.”

O projeto é supervisionado por Ioanna Lykourentzou, professora associada do departamento de ciência da computação da universidade holandesa. A solução desenvolvida pelo pesquisador brasileiro se vale de pesquisas anteriores sobre algoritmos de formação de equipes cientificamente validados em outros setores.

Contribuem pesquisadores de outras instituições europeias: o Instituto de Jogos Digitais da Universidade de Malta; da Universidade de Ciências Aplicadas Metropolia, de Helsinque, na Finlândia; e da Associação Portuguesa de Produtores de Jogos, a APVP.

A expectativa de Zambon é testar a ferramenta fruto do GameDevUp em futuras game jams e eventos de team-date em conferências. Os primeiros ensaios devem ocorrer em outubro, durante a próxima Game Jam Plus. A expectativa é que o projeto seja concluído em meados de 2026.

Equipes desequilibradas

A ideia de Zambon é que a ferramenta seja usada na implementação de programas de apoio a estúdios independentes e ações de construção de ecossistemas para formuladores de políticas e instituições. Segundo ele, a falta de coordenação de talentos no setor de games traz ineficiências e custa “milhões de dólares” em recursos humanos.

Segundo ele, talentos criativos não respondem de forma eficaz à imposições de hierarquia e falta de escolha comuns em ambientes corporativos. A tese dele é de que criar equipes “de cima para baixo”, como fazem os grandes estúdios globais, traz atrito e desmotivação.

E que mesmo a forma como se conectam os desenvolvedores independentes, geralmente em game jams e conferências diversas, não cria equipes de alto desempenho e sustentáveis. Limitações sociais e geográficas podem gerar grupos com habilidades desequilibradas, diz o pesquisador.

Para ele, a ferramenta de formação de equipes por algoritmos poderia redistribuir talentos em projetos e auxiliar profissionais mais experientes a lançarem projetos independentes com mais sucesso.

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