A fabricante de processadores Intel anunciou na manhã de segunda-feira (2) que Pat Gelsinger não é mais o CEO da empresa. O executivo se aposentou da empresa após 40 anos de carreira no setor de tecnologia, sendo 34 deles na própria Intel em duas ocasiões – o executivo também teve passagens pela EMC e pela VMware, sendo que nessa última ficou mais de oito anos antes de voltar para a fabricante de chips.
Segundo a agência de notícias Reuters, apesar da saída “honrosa”, Gelsinger foi na verdade removido do cargo pelo conselho de administração da Intel por conta de resultados aquém do esperado. Existe a desconfiança de que o atual plano de reestruturação promovido pela copanhia não dê os frutos prometidos pelo executivo.
A Intel tem passado por maus lençóis. Em agosto, a empresa demitiu cerca de 15 mil trabalhadores no mundo após um prejuízo de US$ 1,6 bilhão no segundo semestre fiscal, e teve que vender aproximadamente 1,18 milhão de ações da britânica Arm Holdings para equilibrar o balanço.
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Os resultados vêm após um período de intensos investimentos em capacidade produtiva, o que incluiu a construção de fábricas nos EUA, que contou com financiamento bilionário do governo americano. O objetivo da Intel (e dos EUA) é oferecer linhas de produção para outras empresas de tecnologia e, na mesma cartada, reduzir a dependência da indústria de tecnologia ocidental da capacidade de produção instalada na China e em Taiwan.
O problema é que investimentos dessa natureza levam anos para dar resultado. E, ao menos aparentemente, a paciência dos acionistas da Intel tenha alcançado um ponto de ruptura.
Por enquanto, as funções de Gelsinger serão executadas por dois executivos sêniores – o vice-presidente executivo e diretor financeiro David Zinsner e a executiva sênior Michelle Johnston Holthaus,então CEO da Intel Products. O conselho já conduz uma busca por um novo CEO. Frank Yeary, presidente do conselho da Intel, se tornará presidente executivo interino durante o período de transição.
“Embora tenhamos feito um progresso significativo na recuperação da competitividade da fabricação e na construção de capacidades para ser uma fundição de classe mundial, sabemos que temos muito mais trabalho a fazer na empresa e estamos comprometidos em restaurar a confiança dos investidores”, diz Yeary, em comunicado disparado pela Intel.
Seja como for, Gelsinger não sai com as mãos abanando: a mesma Reuters calculou nessa terça (3) que o agora ex-CEO pode receber até US$ 12 milhões como pagamentos indenizatórios pelo processo, de acordo com um registro encaminhado aos órgãos reguladores dos EUA. Isso incluiria uma rescisão de US$ 1,9 milhão. Gelsinger também seria elegível para o bônus anual por conta dos 11 meses de 2024 em que foi CEO.
* com informações da agência Reuters