O número de pessoas que usarão smartphones combinados a óculos de realidade aumentada (ou AR, na sigla em inglês) deve dobrar nos próximos cinco anos, inclusive para uso em games, graças ao avanço das redes 5G no mundo e do número dos dispositivos disponíveis no mercado. É o que revela um estudo recente da Ericsson que também considera o aumento da disponibilidade de aplicações baseadas em inteligência artificial nesses dispositivos.
Também deve crescer substancialmente o número de pessoas que usam óculos de AR sem combiná-los com celulares (+20%) e aqueles que usam aplicações do tipo somente em smartphones (+14%).
Chamado, em tradução livre, Amanhã aumentado: experiências AR para além de smartphones e filtros, o estudo ouviu especialistas, fabricantes e usuários no ano passado, além de ter coletado 10 mil entrevistas online em 10 mercados (inclusive o Brasil) de usuários early adopters de dispositivos de realidade aumentada entre 15 e 69 anos. O relatório foi publicado pela Ericsson na última semana de maio.
LEIA TAMBÉM: Gaming representa 10% do faturamento da Nvidia no 1º trimestre de 2025
O estudo constata um interesse crescente não apenas em jogos, mas em prover habilidades de realidade estendida (XR) entre os usuários. Foram mencionadas, por exemplo, aplicações de tradução instantânea para o usuário de óculos AR, ou de assistente de culinária em tempo real.
O consumo de conteúdo em AR esperado pelos usuários inclui, claro, os games, mas também foram mencionados livros interativos, filmes e aulas esportivas, por exemplo.
Segundo o estudo da Ericsson, e aqui entram as oportunidades para as empresas, os consumidores estão dispostos a pagar até 20% mais pela portabilidade das aplicações de AR. Essa porcentagem sobe no caso de aplicações em show e salas de concerto (33%), em lojas e shopping centers (28%) e restaurante (27%).
Mas não se mantém quando os consumidores estão em casa (-8%). Ou seja, há uma expectativa de que a tecnologia AR se adapte ao ambiente do consumidor fora de casa, com experiências de XR mais diversificadas e baseadas em conectividade móvel.
Desafio da privacidade
Claro que essas expectativas esbarram em desafios. O estudo da Ericsson cita, além dos desafios de desenvolvimento tecnológico em si, fatores sociais e de privacidade, entre outros. Mais de 60% se disseram relutantes em usar óculos AR publicamente, a menos que sejam “visualmente atraentes”.
Mais de metade dos consumidores ouvidos se dizem apreensivos com riscos para saúde e para segurança física. A privacidade das pessoas ao redor dos usuários desse tipo de óculos também foi apontada como preocupante, ou seja, o risco de expor alguém com fotos ou vídeos feitos em dispositivos AR sem consentimento.
Segundo a Ericsson, o impacto de questões de privacidade influencia a disposição dos consumidores em adotar dispositivos AR. Entre aqueles preocupados com a privacidade dos espectadores, a intenção de comprar um desses aparelhos é 18 pontos percentuais menor do que os que não estão preocupados.