Uma das grandes mudanças nos objetivos estratégicos promovidas pela Nintendo ao longo dos últimos anos – e nos próximos – foi expandir presença (e lucratividade) em mercados chamados de “em desenvolvimento” e até então pouco privilegiados pela marca. Isso levou a empresa a expandir vendas fora do Japão, EUA e Europa em 6,4 vezes desde 2017, saindo de aproximadamente US$ 161 milhões naquele ano fiscal para US$ 1,03 bilhão em 2024.
A receita nessas regiões apenas com hardware também saltou – a venda de Nintendo Switch fora do Japão, Europa e EUA representou, em 2024, 11,9% da receita total, mais que o dobro dos 5,4% de 2017.
Os números fazem parte do último relatório fiscal da Nintendo, publicado nessa quarta-feira (6). A empresa atribui esse crescimento tanto à presença em mercados locais como Índia, China e Brasil, como ao lançamento de títulos originais de Switch em idiomas como chinês e português.
No relatório, a empresa diz que trabalha em iniciativas para gerar maior interesse entre consumidores da Ásia e América Central e do Sul. “Isso inclui a implantação do Nintendo eShop, o suporte a varejistas para fornecer ambientes de compras atraentes e a execução de promoções e comerciais que apresentam talentos locais”, ressalta a companhia.
O resultado concorda com as afirmações feitas por Bill Van Zyll, vice-presidente e gerente geral para a América Latina da Nintendo, em entrevista recente ao The Gaming Era. “Os mercados emergentes têm muito potencial para crescimento. Especialmente enquanto eles amadurecem”, disse.
O novo foco da Nintendo em mercados emergentes condiz também com projeções de grandes consultorias internacionais. Elas apontam que o mercado de jogos eletrônicos na América Latina, junto com o Oriente Médio e a África, devem ter os maiores saltos proporcionais de crescimento ao longo de 2024 e 2025.
Outras frentes de crescimento diversificado apontados pela fabricante japonesa incluem o aumento do número de publishers third-partie e de estúdios independentes na plataforma, bem como a “fusão” de dois mercados promovida pelo Switch – o de dispositivos portáteis e de consoles de mesa.
Para a empresa, isso permitiu juntar times internos e aumentou o volume de vendas e a lucratividade.
Boas notícias, pero no mucho
Apesar dos bons números, os resultados para o primeiro semestre do ano fiscal de 2025 da Nintendo não foram exatamente positivos. Apesar de a empresa ter alcançado a substancial marca de 146 milhões de unidades de Nintendo Switch vendidas desde o lançamento, o que coloca o aparelho como terceiro console mais comprado da história, as receitas da Nintendo caíram 34,3% no semestre.
O número de hardwares vendidos no período caiu 31%, e o de softwares 27,6%. Embora não admita, os resultados são provavelmente devidos ao período de baixa frente à espera do sucessor do Switch, que deve ser revelado até o fim do ano fiscal atual, ou seja, até março de 2025.
A Nintendo confirmou que o próximo console será retrocompatível, o que pode manter as vendas de software do Switch em alta, mas é provável que surgimento faça as vendas do console atual despencarem ainda mais.
Os números fizeram a Nintendo revisar para baixo sua perspectiva de resultado do ano. O objetivo agora é vender 12,5 milhões de unidades do Switch durante todo o ano fiscal (ao invés de 13,5 milhões).
Apesar da queda, a Nintendo diz que as vendas do aparelho continuam “robustas”. Segundo a empresa, 127 milhões de pessoas jogaram no Switch ao longo dos últimos 12 meses.