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Modo Carreira: Baiano, de pro-player a maior streamer de League of Legends do Brasil

Como a intuição e o conhecimento levaram Gustavo Gomes, o Baiano, ao topo do cenário de LoL
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Gustavo Gomes, o Baiano. Foto: Divulgação

Em 2012, aos 18 anos, Gustavo Henrique Barbosa Gomes saiu de Recife, Pernambuco, para dar início a carreira de jogador profissional de League of Legends em São Paulo. “Sempre que sinto um feeling, uma intuição de que vai funcionar, vou com tudo”. E foi com esse sentimento que hoje, aos 30 anos, Baiano é o maior streamer de LoL do Brasil, com mais de um milhão de inscritos em seu canal da Twitch.

De jogador profissional a criador de conteúdo, Gustavo “Baiano” Gomes, mostra que, além de seguir a intuição, se dedicar ao trabalho e respeitar a comunidade de League of Legends foi essencial para atrair mais espectadores e fazer o time de uma só pessoa se transformar em uma equipe de lendas do cenário.

Baiano nasceu em Bom Jesus da Lapa, Bahia, mas morou em Mato Grosso e também em Pernambuco. Teve uma infância simples. Seu primeiro contato com os games foi na adolescência.“Sempre fui uma criança de brincar na rua. Até o momento em que mudei para um prédio, com uns 13 anos, e virei uma criança de prédio. Aí entrei na internet e comecei a jogar online e descobri a paixão da minha vida que é a competição”, conta.

Seu primeiro jogo foi GunBound e o Dota veio em seguida. Aos 16 anos, cursando Engenharia Ambiental, participava de campeonatos da faculdade “valendo R$ 50 a premiação, cada um ganhava R$ 10”, lembra. Baiano observou que muitas pessoas falavam de games e comentavam sobre os campeonatos de Dota e Counter Strike

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“Eu vi uma tendência. Cada vez mais pessoas ao meu redor falam sobre games”, lembra.

Aos 18 anos, recebeu uma proposta do extinto time Frequency para ser jogador de League of Legends, em São Paulo. “Eu morava em Recife na época, estava vendo as coisas acontecerem. O time ia bancar a casa para a gente ficar. E tomei a decisão da minha vida de arriscar tudo e fazer dar certo”, diz Baiano, que abandonou a faculdade no quarto semestre.

Como jogador de League of Legends, Baiano passou por grandes times brasileiros como INTZ, Vivo Keyd, CNB, Red Canids e Santos, além do americano Big Gods. Viu um cenário que por momentos parecia incerto, mas que mostrou que ia crescer. Os times aumentaram os salários e o tempo de contrato. 

“A gente vivia no medo de que ia acabar. Em 2016, 2017, teve muito investimento no cenário e percebi que não tinha como acabar. É daqui pra cima”, conta Baiano.

De jogador a criador

Quando era jogador da Vivo Keyd, Baiano descobriu um tumor no intestino e passou por uma cirurgia de retirada. Ainda com os pontos, jogou a final do CBLOL por insistência dele próprio, chegando ao vice-campeonato.

Em 2020, primeiro ano de pandemia da Covid-19, Baiano novamente percebeu o cenário de League of Legends movimentado. “Nós vimos os números crescerem bastante”, conta. “As pessoas que estariam no conteúdo iam ganhar mais do que os jogadores em si. E então faço outro movimento arriscado, que é deixar de ser uma atleta para investir tudo em criação de conteúdo”.

Não foi somente a intuição que o levou a seguir esse caminho. As preocupações com a saúde também.

“Fui um profissional que tive muitos problemas de saúde e tive de me afastar do campeonato para fazer cirurgias. No entretenimento, eu me via mais flexível. Mas sempre acreditei que o conteúdo seria maior do que se eu ficasse somente jogando”, lembra.

Com a experiência em League of Legends e considerando a solidez da Riot Games no Brasil, Gomes investiu em seus canais, aprendeu a conversar com o público e a criar uma comunidade – o que inclui vender para ela.

“Tive uma relação muito boa com a maioria dos jogadores. Eu contava as histórias de bastidores e a comunidade ficava encantada. Essa bagagem foi importante e comecei a atuar como uma ponte entre comunidade e os jogadores. Continuo atuando como uma ponte nesse ecossistema todo”, diz.

Baiano lembra de passar entre três e quatro meses de pandemia fazendo streaming. E passou a dedicar de 18 a 20 horas do dia à criação de conteúdo. “Não é muito saudável, mas era o que daria resultado na época”, diz. 

CBOLÃO e Ilha das Lendas

“Não vai ganhar nada, mas vai ser legal pra caramba. A comunidade vai amar” e foi assim que Baiano convenceu pro-players a jogar o primeiro CBOLÃO, seu primeiro projeto que atingiu mais de um milhão de espectadores únicos. “Ali eu vi que o futuro era brilhante e que tinha estourado na veia”, lembra.

Hoje já são seis edições de CBOLÃO, sendo duas presenciais em 2023 (uma no Memorial da América Latina e a última na CCXP), com premiação de R$ 50 mil.

“O CBOLÃO foi o começo de uma bola de neve. Tudo o que eu via que tinha oportunidade de ter números relevantes e ter retorno comecei a fazer, baseado na minha visão do que a comunidade ia gostar de ver e consumir”, conta. 

Todos os seus projetos são pensando na comunidade de League of Legends. “Minha cabeça virou um grande algoritmo. Só de pensar na ideia, eu sabia quantos views eu ia ter. Tudo isso vem de uma relação muito próxima com a comunidade.”

Em 2023, Baiano também lançou sua outra criação, a Ilha das Lendas. O projeto reúne outros criadores de conteúdo. “A ideia de criar algo maior do que só eu. Entendi que eu sozinho tinha um limite”, diz. 

Hoje, a Ilha conta com Brucer, Ranger, Jime, Mylon, Minerva, esA,  Revolta e, claro, o próprio Baiano. “Hoje a gente tem um canal que está online 24 horas por dia, com conteúdo de várias frentes, várias formas, vários públicos e os números estão satisfazendo. A intuição foi forte e valeu a pena seguir”.

A Ilha das Lendas tem alguns programas, como Depois do Crime, Cartinhas, Apostas do Coração, Show do Mylão, Gayssip da Semana e Passa a Call. Além disso, o canal tem o direito da transmissão do CBLOL e chega a bater mais de três vezes o número de espectadores do canal oficial do campeonato na Twitch.

Além dos canais, há a plataforma Criando Lendas, na qual é possível aprender a jogar League of Legends com alguns membros da Ilha, com aulas online e gravadas.

Gustavo x Baiano

Para o streamer, é difícil separar Baiano e Gustavo. “É complexo, porque penso nisso até hoje. É uma relação difícil de entender. Tento entender o que vem de um lado e o que vem do outro”, conta.

Baiano criou sua própria imagem e marca. “Desde sempre, sozinho, todo o risco na minha mão, desde que eu saí de Recife até dois anos atrás, não tive nenhum tipo de sociedade ou parceria”, conta.

Talvez os momentos em que precisou pausar suas atuações para cuidar da saúde tenha sido o momento em que o Gustavo se sobressaiu ao Baiano. Em 2021, o streamer lançou o Baiburguer, o hamburguer que levava seu nome. 

“Foi um teste bem sucedido. Os números foram bons. Mas aí o Gustavo não estava bem, apesar dos projetos estarem indo muito bem e crescendo, o Gustavo estava muito doente. No momento não tinha o Omelete e eu tinha que fazer 14 horas de live no dia e ainda tinha reuniões sobre Baiburguer e faturamento. É algo que gosto de fazer, mas era muito difícil”.

Hoje Baiano não exclui a possibilidade de voltar com o Baiburguer e ainda cogita outros produtos. Agora a Omelete Company é responsável pelo gerenciamento e comercial. “Passou para a mão do Omelete para que eu ficasse livre para criar. Antes esse lado administrativo ficava pesado e afetava o entretenimento”, explica.

O futuro

A curto prazo, Baiano pretende se estabelecer ainda mais dentro do cenário de League of Legends e explorar a programação do canal 24 horas. A ideia é organizar a grade e trabalhar com marcas, seja com elas comprando horários da transmissão ou fazendo ações com os influenciadores.

Baiano consegue enxergar muitas possibilidades até 2030, como criar o próprio time, ter uma organização, investir em outros cenários além de League of Legends, ou mesmo um evento anual consolidado.

“Seis anos à frente é muita coisa. Quero deixar sólidos os resultados que vem aparecendo e me preparar para 2025”, diz.

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