Lançado em dezembro de 2015 para PC, Playstation 4 e Xbox One – e depois levado ao Playstation 5, Xbox Series e serviços de streaming –, o shooter tático competitivo da Ubisoft Rainbow Six Siege segue sendo um projeto prioritário para a editora francesa. No nono ano do game, o desafio é não só manter o interesse do público mais fiel, mas também balancear a experiência para novos jogadores e proteger a comunidade de trapaceiros e outras ameaças.
Para isso, a empresa está se valendo de um aliado poderoso: a inteligência artificial.
Em evento realizado na semana passada em São Paulo, às vésperas das finais do Invitational 2024, a Ubisoft reuniu a imprensa brasileira (e internacional) para mostrar as novidades do Ano 9 do game, incluindo novos operadores – como são chamados os personagens do jogo –, novos recursos de balanceamento nas partidas e de combate à trapaça no ambiente online, entre outras coisas.
O uso de aprendizado de máquinas pelo time da Ubisoft Montreal, estúdio da publisher responsável pelo jogo, está sobretudo no que a empresa chama de “proteção ao jogador”. O objetivo é oferecer jogabilidade justa e manter uma “política de tolerância zero” para comportamentos tóxicos e trapaças.
“Sabemos que podemos fazer melhor e vamos tentar fazer melhor”, disse aos jornalistas Alex Karzapis, diretor criativo do jogo. “Por mais que vocês odeiem trapaceiros, eu odeio mais. Gastamos muita energia nisso.”
Segundo ele, o foco do uso de IA é justamente detectar trapaceiros a partir do reconhecimento de certos comportamentos. Segundo ele, a IA é capaz de “analisar dados estatísticos da população muito rapidamente, inclusive o comportamento dos cheaters.”
Na prática são algumas frentes e tecnologias de combate aos trapaceiros por parte do Ubisoft Montreal. No PC, há o Sistema QB, lançado em julho de 2023 e que deve receber aprimoramentos constantes no Ano 9. Nos consoles, o MouseTrap bloqueia jogadores que façam uso de qualquer hardware que traga vantagens, incluindo teclado e, claro, mouses.
O IA também será usada para moderação automática de bate-papo de texto. A Ubisoft promete outros recursos de proteção ao jogador, incluindo novos requisitos para filas em partidas ranqueadas e uma atualização do sistema de reputação.
Karzapis também falou de melhorias na estabilidade dos servidores do jogo, que sofreram com problemas recentes. “Não é um tópico do qual gostaríamos de falar, porque gostaríamos que [os servidores] funcionassem. Mas, sim, eles precisam de trabalho”, disse.
Segundo ele, a infraestrutura de servidores do jogo é “colossal”, e “quando uma coisa vai mal, tudo cai”. Para o Ano 9, a Ubisoft Montreal mudou a estrutura de servidores para microsserviços, no qual “cada pequeno pedaço da estrutura está indo para nódulos menores, que quando caem não levam tudo com eles”.
O diretor também defendeu o motor do jogo, que após nove anos segue sendo a mesma do lançamento – com aprimoramentos, claro. “Posso dizer que temos uma das melhores engines do mundo para PvP live services. Todo ano e todo mês melhoramos a forma como entregamos conteúdo”, disse, rejeitando a ideia de migrar o motor do jogo.
“Os jogos competitivos, não posso citar nomes, que fizeram essa atualização deixaram ‘cair a bola’ depois. Porque eles tiveram que reconstruir cada simples aspecto do jogo”, ponderou.
Um legado imenso
Joshua Mills, game director de Rainbow Six Siege na Ubisoft Montreal, está na empresa desde 2015. Começou como level designer e se tornou diretor assistente do shooter em 2022. São dois anos no Rainbow Six – bem menos que os nove anos de desenvolvimento do game. Mas considera que a missão de tornar tudo que se vê no jogo “viável e acessível” é tão desafiadora quanto divertida.
Quando pergunto sobre esse desafio, Joshua responde que esses quase 10 anos trazem uma carga de “legado e expectativas”. “Ao longo dos anos o jogo vai mudando. Não ter medo de enfrentar esses 10 anos e avaliar os caminhos constantemente é importante. Não queremos algo que nos cimente”, diz ele.
“Alguns dos operadores estão no jogo desde o ano 1. Sempre que introduzimos um novo operador ou gadget, isso afeta todo o line-up. É difícil manter a separação [de habilidades entre os personagens], mas também é divertido”, diz.
Perguntado sobre os avanços tecnológicos no jogo, como o uso de inteligência artificial, por exemplo, Mills diz que a empresa tem “um time de tecnologia insano”, que trabalha muito próximo do time de desenvolvimento de gameplay, de forma “transparente”.
E que o uso de dados, métricas e inteligência artificial no desenvolvimento, embora importante, não pode prescindir das decisões humanas. “Se você fica muito data driven, isso remove a emoção humana. É importante não focar demais nos dados e reconhecer o que é dito pela comunidade”, ponderou.
Detalhes do Ano 9
O novo ano de Rainbow Six Siege – que será lançado em março de 2024 – será dividido em quatro “temporadas”. A primeira, chamada de Operação Deadly Omen, introduz um novo vilão jogável (Deimos) e um menu de gerenciamento de inventário, chamado de Locker. O sistema promete facilitar para os jogadores organizar e visualizar itens e coleções de skins.
Os mecanismos de escudo e de acessórios e miras também sofreram mudanças, e devem, segundo os devs do jogo, recompensar estilos mais táticos, estimulando um gameplay mais estratégico.
A Temporada 2 trará operadores aprimorados e remasterizados, ou seja, alguns dos personagens já existentes no game receberão melhorias, começando pelo Recruta. A Temporada 2 incluirá ainda o lançamento total do Sistema de Reputação, adição de filtros de mapa à playlist padrão, mapas e treinamentos de mira à playlist de prática e a chegada do Loja do game (Siege Marketplace).
Na Temporada 3, os jogadores conhecerão um novo operador de origem grega, emblemas e um sistema de carreira, além de terem acesso ao Campo de Tiro durante o matchmaking. O torneio Siege Cup também ficará disponível, além de um modo em que os jogadores podem treinar contra a inteligência artificial do jogo. A IA do jogo foi aprimorada e poderá controlar atacantes, permitindo que os jogadores sejam defensores.
A quarta e última temporada vai incluir a remasterização de um outro operador e uma atualização no cross-play, que permite o acesso ao matchmaking de PC para jogadores de console. Também vai ampliar ferramentas anti cheat, implementando um sistema que banirá automaticamente trapaceiros e minimizará o impacto negativo nas partidas.
O roadmap completo de desenvolvimento do Ano 9 de Rainbow Six Siege, com todas as novidades, pode ser visto no site da Ubisoft.