O maior evento de games do mundo aconteceu, pela primeira vez, na América Latina. E não é coincidência ou acidente ter sido justamente agora. A Gamescom Latam pulsou no ritmo contagiante que faz qualquer gringo se apaixonar.
O momento do mais rico expoente do entretenimento, no entanto, é de crise; enquanto milhares de empregos são perdidos em todo o mundo, nunca se viu tanto dinheiro passar nesse chapéu.
Quem semeia vento, diz a razão, colhe sempre tempestade. Essa dualidade é um reflexo de um problema maior e muito mais complexo, mas que não deixa de expor uma oportunidade que cabe bem para um país acostumado a lidar com a tristeza.
Assim como o samba, a história dos games por aqui passa por muita gambiarra e discriminação. A cultura de jogar no Brasil nasceu por meio da criatividade de gênios que localizavam máquinas de pinball e floresceu graças à informalidade da pirataria.
LEIA TAMBÉM: Gamescom Latam mal começou, mas já confirma crescimento para 2025
Se a máxima “a criatividade ama limites” estiver correta, é fácil explicar a genialidade do que se é produzido no Brasil. Na música popular e nos jogos.
Não me surpreende ver a imensa variedade e qualidade dos games desenvolvidos por aqui. Seja por meio de incentivos fiscais, investimentos privados ou pela pura paixão em criar, nunca faltou essência para aquilo que nos é mais caro.
Durante os dias de Gamescom Latam conheci pessoas e histórias que reforçaram que não existe lugar do planeta mais capaz de fazer essa indústria dar certo do que a América Latina. E o Brasil vai tocar esse bumbo mesmo em contratempo.
O mundo veio até a Gamescom Latam entender o que é que tem nesse samba. E assim como um groove de bossa nova, o desenvolvimento de games no Brasil dá nó na cabeça de quem está acostumado com o previsível.
Que o futuro nos leve para dias em que não seja mais preciso dificuldade para florescer. Porque Vinicius de Moraes e Toquinho já diziam: “o samba é a tristeza que balança. E a tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser mais triste não”.