Games For Change América Latina inaugura formato inédito na Cinemateca Brasileira

Ingressos gratuitos para 12ª edição do festival estão sendo distribuídos. Evento começa no Brasil e prossegue no México e na Colômbia
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Marcada para começar no próximo dia 10 de novembro, um domingo, a 12ª edição do festival Games For Change América Latina vai inaugurar um formato inédito. Pela primeira vez, o evento ocorrerá em três países distintos – além de São Paulo, capital, onde vem sendo tradicionalmente realizado, o evento acontecerá no México e na Colômbia.

As três sessões ocorrem em datas distintas durante do mês de novembro. Na ordem, depois de São Paulo, o México em 19 de novembro e a Colômbia em 27 de novembro. A descentralização é uma forma de alcançar mais públicos na América Latina, mas o objetivo continua sendo o mesmo em todos os países: reunir game designers, educadores, ativistas, artistas, estudantes e estudiosos do impacto dos games na vida social, cultural e ambiental das pessoas.

A abertura acontece na capital paulista e os ingressos para participar da edição presencial, que acontecerá na Cinemateca Brasileira, já estão sendo distribuídos. É possível reservar as entradas gratuitamente nesse link. Os lugares são limitados à capacidade do local. Haverá transmissão online dos debates, mas é necessário fazer a reserva no mesmo link – os inscritos receberão um certificado de participação.

cinemateca brasileira foto wikimedia
A Cinemateca Brasileira, em São Paulo. Foto: Wikimedia

A G4C (como geralmente é referenciada) é uma organização não-governamental de origem americana fundada em 2004 e responsável por iniciativas que associam os jogos eletrônicos a transformação social. Seu principal evento anual é realizado em Nova Iorque, geralmente no mês de julho, mas há também versões regionais como a latino-americana, criada em 2010.

Na prática, a ONG busca apresentar os games como uma ferramenta para engajamento e transformação de áreas diversas, incluindo a educação, a saúde, a preservação ambiental e a inclusão social, entre tantas outras. No Brasil, o evento é organizado pelo capítulo local da G4C e pelo Departamento de Cinema, Rádio e TV da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP).

A edição desse ano conta com a participação da startup social Instituto de Iconomia, do Núcleo Diversitas, do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, da Fatec de São Caetano, da Rede Brasileira de Estudos Lúdicos (Rebel) e o grupo de pesquisa UAIFAI (Universos Abertos à Imaginação, à Fantasia e às Artes da Invenção).

Há ainda dois grandes parceiros de escopo global e nacional: a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Cemaden Educação, iniciativa educacional do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

O evento incluirá uma game jam com o tema “Mudança Climática e Saberes Ancestrais“, além de oficinas de jogos analógicos e um ciclo de palestras e debates com especialistas. Também será lançado um jogo, chamado Na Trilha do Risco, desenvolvido pela Lizards Games em parceria com o Cemaden e financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq).

A expectativa dos organizadores é receber, presencialmente, não mais de 500 pessoas durante o evento por conta da capacidade limitada da Cinemateca. Mas espera-se um público bem maior na transmissão online. A expectativa também é alta para participação na game jam, uma vez que podem participar times do mundo todo (desde que façam games com temática latino-americana) e a divulgação será internacional.

Três objetivos

Em conversa com o The Gaming Era, o professor Gilson Schwartz, presidente da G4C na América Latina e professor livre-docente de Produção de Games no Departamento de Cinema, Rádio e TV da ECA-USP, elenca três grandes objetivos para o XII G4C América Latina. Primeiro, discutir os impactos positivos que os games podem ter na sociedade “no amplo espectro das inovações do audiovisual”, o que reforça a importância de fazer o evento na Cinemateca Brasileira.

“É um templo do cinema brasileiro, e é a primeira vez que teremos um evento nosso lá. Isso é muito bacana”, ressalta Schwartz. “Os games são uma forma de audiovisual maior que o cinema e a música, mas digamos que eles ainda não foram santificados pela academia. Temos esse desafio para quem está na área que é não só criar games, mas investir no valor deles como algo que realmente faz parte da cultura, e não só do entretenimento.”

Gilson Schwartz
Professor Gilson Schwartz. Foto: arquivo pessoal

Para ele, a Cinemateca Brasileira “tem esse caráter”, ou seja, reconhece o ato de fazer games como algo “nobre e artisticamente complexo”, e que permite “uma realização tão criativa quanto o cinema, mas com uma escala de custos muito menor”. O evento promete aproveitar todo espaço útil da Cinemateca, incluindo o Auditório Grande Otelo, que hospedará as mesas redondas sobre o mercado de trabalho em games, além dos jogos em áreas como saúde e educação.

“É uma diferença importante não só tratar o game como realidade interdisciplinar, mas também encontrar as várias conexões com o audiovisual, inclusive filmes e cinema. Que vão desde o uso de uma engine como Unity em filmes até a própria inteligência artificial, hoje só possível porque é processada em placas gráficas da Nvidia que surgiram para o mercado de games”, lembra o professor.

O presidente da G4C também destaca o lançamento do game Trilha do Risco, desenvolvido em parceria com o Cemaden e financiado pelo CNPq. A versão 1.0, que é uma adaptação digital de um jogo de tabuleiro gratuito, busca conscientizar os jogadores sobre os impactos das mudanças climáticas, os riscos socioambientais delas e as ações de prevenção e mitigação de riscos de desastres em diversas regiões do Brasil e seus biomas.

O jogo será mostrado durante o G4C Latam após um primeiro lançamento ocorrido durante um evento na ONU – o The Games and SDG Summit, que ocorre no próximo dia 29 de outubro na sede das Nações Unidas em Nova Iorque.

“É uma cúpula [da G4C] com a ONU sobre como os games podem impactar os ODS [Objetivos do Desenvolvimento Sustentável]. Ela discute a importância que os games estão assumindo, especialmente nessa relação com os ODS. E o festival vai repercutir o que for discutido na ONU”, assegura Schwartz.

Segundo o presidente da Games for Change América Latina, a prioridade do evento é pedagógica, ou seja, afirmar os games enquanto ferramenta educacional, especialmente em instituições de ensino públicas. O que também passa pela criação de políticas públicas.

“Políticas em saúde, saúde mental, educação, sustentabilidade, os vários ODS. Isso é muito forte para a gente. Queremos chamar a atenção de quem faz políticas públicas em várias áreas no Brasil. É a nossa pedra angular: democratizar e ter políticas públicas, inclusive de apoio aos desenvolvedores”, diz Gilson Schwartz.

SERVIÇO
XII Games for Change América Latina
Data
: 10 de novembro de 2024
Horário: a partir das 13h
Local: Cinemateca Brasileira
Endereço: Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino, São Paulo
Inscrições: doity.com.br

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