Colocar o “lado B2B” da Gamers Club em evidência, de modo a aumentar o faturamento da empresa aproveitando oportunidades com marcas que orbitam (ou querem orbitar) o mundo dos esportes eletrônicos. Essa é a grande missão atual de Gui Barbosa, líder de gaming e apps da Siprocal, empresa americana dona da GC.
A unidade de ‘gaming services’ da empresa, como é chamada internamente, já responde por cerca de metade do faturamento, proporção que promete ser maior já no próximo semestre. “Nessa nossa estrutura de parcerias enxergamos uma grande oportunidade”, me diz o jovem executivo durante as finais do Gamers Club Valorant Challengers Brazil 2024, que o The Gaming Era foi convidado a acompanhar.
Campeonatos como o VCB – vencido aliás pela Hero Base, em disputa emocionante contra a RED Canids – são o exemplo perfeito do que o executivo quer dizer. O split foi realizado presencialmente nos estúdios da Riot Games em São Paulo, capital, e é operacionalizado pela Gamers Club desde o ano passado.
A empresa é parceira oficial da Riot Brasil e foi responsável por trazer três grandes marcas apoiadoras para o VCB: Itaú Unibanco, ExitLag e, mais recentemente, a Red Bull.
O movimento é em parte uma guinada recente no modelo de negócios da GC, que nasceu em 2016 pelas mãos do ex-pro-player e ainda CEO da empresa, Yuri ‘Fly’ Uchiyama. O modelo de plataforma, ainda importante e responsável pela outra metade do faturamento da empresa, tem atualmente três milhões de usuários registrados.
Funciona como um “clube escola” de treinamento e realização de torneio de jogadores de games competitivos. O cadastro é gratuito, mas alguns serviços e participações em campeonatos, por exemplo, são pagos.
O leque se expandiu quando a Siprocal comprou a Gamers Club em março do ano passado. A empresa americana é fornecedora de uma plataforma tecnológica que ajuda publishers, operadoras e anunciantes a monetizarem conteúdo em múltiplos dispositivos.
“Meu desafio é posicionar a GC no mercado perante nosso público, marcas anunciantes, desenvolvedores de games. Com entrega por qualidade e criação de soluções criativas”, explica Barbosa, que assumiu a posição em dezembro de 2023 após ser líder de parcerias de games do TikTok na América Latina e passar pela Krafton, entre outras. “E tenho esse outro ‘chapéu’ na Siprocal para desenvolver a aquisição de usuários na América Latina.”
Segundo o executivo, o interesse da Siprocal ao investir na Gamers Club é “acompanhar o gamer onde ele estiver”, considerando que ele também é um consumidor comum. Ou seja, também consome anúncios no celular e na TV, por exemplo.
“A gente consegue fazer a integração das TVs conectadas com os anunciantes. Entendemos que a GC é muito forte em trazer a atenção do usuário através de conteúdo, seja nos games ou nos eSports”, diz.
A empresa também é parceira da Abragames, atuando como facilitador de monetização de jogos mobile de estúdios brasileiros.
Gamers Services Club
Após nascer (e crescer) como plataforma para jogadores de games competitivos, a meta da Gamers Club é “se posicionar como prestadora de serviços”. Cases recentes foram feitos com outras grandes marcas, incluindo a Intel, que fez uma ação de vendas durante a última Black Friday com varejistas como Kabum e Pichau.
No caso dos campeonatos de eSports, me diz Gui Barbosa, o processo vai desde o desenvolvimento do produto até a operação, e inclui a busca ativa por marcas parceiras. A empresa também é responsável pela transmissão dos campeonatos organizados entre a comunidade do GC, o que é feito a partir de dois estúdios em Sorocaba (SP), onde a empresa nasceu.
“Temos toda a parte de estúdios, com equipamentos e equipe técnica que consegue fazer entregas dos eventos que a gente organiza, sejam nossos ou de terceiros”, explica.
A empresa cresceu substancialmente durante a pandemia, que impulsionou o cenário de eSports brasileiro como um todo. Parte do time atual está em Sorocaba, por conta dos estúdios, e outra parte em São Paulo. São cerca de 80 pessoas, incluindo o time dividido com a Siprocal.
Apesar da aparente redução do crescimento do cenário de eSports com o fim da pandemia e retorno às atividades presenciais, o que significou também menos interesse das marcas em investir no segmento, principalmente aquelas que ainda estudavam essa entrada, Gui Barbosa é otimista.
“Temos a felicidade de ter bons parceiros com contratos de longo prazo, e a gente tem buscado parceiros que se posicionam de forma contundente e constante. Não é uma ação e fica por isso mesmo. Ele participa de uma série de campeonatos e ativações”, explica Barbosa. “Nossa expectativa de crescimento está em mostrar para mercado o que a gente faz, e buscar mais parceiras de longo prazo com marcas que queiram manter o canal aberto.”
Com isso em vista, a expectativa da Gamers Club é crescer 10% até o fim do atual ano fiscal. “Já temos bons indicadores”, diz o executivo. “Não só de clientes e faturamento, mas de posicionamento da marca.”