EXCLUSIVO: GameJamPlus vira parceira oficial da IGDA e espera fazer ‘maior jam do mundo’

Associação global de desenvolvedores será co-organizadora do evento. Meta é alcançar mais mercados e até 7 mil participantes
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Juliana Brito, CEO da GameJamPlus. Foto: Divulgação

A International Game Developers Association (IGDA) e a série de game jams brasileira GameJamPlus anunciaram na terça-feira (16), nas redes sociais, uma parceria. Segundo as duas entidades, o objetivo é organizar “a maior game jam do mundo” entre outubro de 2024 e o primeiro semestre de 2025, e atrair entre 6 e 7 mil desenvolvedores para a competição (na última edição foram 4 mil).

Na prática a IGDA atuará como co-organizadora do próximo ciclo da GameJamPlus, que passa a ser a game jam oficial da entidade no mundo, substituindo a Global Game Jam. Uma live entre as duas organizações para apresentar os detalhes da parceria ocorrerá em agosto, e as inscrições para o próximo ciclo devem começar no mês seguinte, ou seja, setembro de 2024.

A IGDA é uma associação não-lucrativa global de profissionais fundada em 1994 nos EUA e que busca apoiar os desenvolvedores de todo o mundo. Serve de órgão consultivo internacional com 150 capítulos (inclusive no Brasil) e grupos de interesse para “aprimorar as vidas e a arte” dos gamedevs. Promove principalmente eventos de conexão e capacitação, mas também atua como órgão de defesa da categoria (advocacy).

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Já a GameJamPlus é uma maratona de desenvolvimento de jogos global que também atua como aceleradora de empresas que trabalham com games. A marca tem presença em 42 países e já afetou mais de 10 mil desenvolvedores. A GameJamPlus é gerenciada pela startup carioca IndieHero, que também é responsável pela organização do Brasília Game Festival e pela área gamer do Rio Innovation Week (RIW).

Segundo Juliana Brito, CEO da GJ+, a parceria vinha sendo gestada há algum tempo e se consolidou principalmente pela oportunidade de unir bases. Enquanto os participantes da GJ+ estão principalmente na América Latina, Norte da África e Sudoeste Asiático, a base de associados da IGDA se concentra na Europa Ocidental e na América do Norte.

“A IGDA é razoavelmente grande nos EUA e no Oeste Europeu, mas não na África, sul da Ásia e América Latina. É exatamente onde está a força da GameJamPlus. Os 42 sites [lugares] da última edição eram majoritariamente dessas regiões, inclusive 10 sedes na África. Também no Leste Europeu”, explicou ela com exclusividade ao TGE. “Vamos fazer uma junção das bases.”

A parceria não inclui aporte financeiro, mas abre portas para acordos comerciais de patrocínio da game jam para apoiadores históricos da IGDA.

“Esperamos chegar em partes do mundo que tínhamos muita dificuldade. EUA e Oeste Europeu. São as maiores indústrias de games [do mundo], e para ir atrás de patrocinadores e ter essas áreas como sedes do nosso evento [a parceria] é muito importante”, explica Juliana. “A IGDA é como um selo. Dá a garantia que algumas marcas que já vinham falando com a gente possam dar um salto final.”

Juliana também espera que a parceria aumente o número de sedes da próxima edição da GJ+, inclusive nos EUA, onde elas já ocorrem, mas principalmente em novos países. Finlândia e Japão são exemplos.

Além da parceria com a IGDA, a próxima edição da GameJamPlus usará uma nova plataforma desenvolvida exclusivamente para o evento por alunos e professores do curso de ciência da computação do Instituto Tecnológico da Costa Rica. O software funciona como um sistema de gerenciamento de game jam, em que os times podem ser montados, gerenciados e inscritos.

O conteúdo gerado na incubação, mais técnico, e na aceleração, mais de negócios, também fica disponível nessa plataforma.

Além da GameJamPlus

A GameJamPlus existe enquanto ideia desde 2016, primeiro como uma série de competições entre desenvolvedores promovidas por Ian Freitas Rochlin. O executivo fez carreira em departamentos comerciais de empresas como a Procter & Gamble, até que decidiu fundar uma companhia que não deu certo – a Gamer Trials – mas que serviu de base para a entrada dele no mercado de games.

As competições cresceram e acabaram indo parar no programa de televisão Shark Tank [veja abaixo] em um episódio viral, no qual Rochlin ofereceu 25% da recém-nascida GameJamPlus para os jurados por apenas R$ 1. Com a entrada dos sócios, o executivo estruturou uma startup – a IndieHero – para fomentar o ecossistema de games brasileiro e aproveitar o potencial de negócios gerado na competição.

“Comecei a trabalhar [na GJ+] em janeiro de 2021. Fizemos o processo de criação da marca IndieHero, e nosso primeiro programa de aceleração, a pedido de parceiros que queriam investir em jogos no Brasil”, lembra Juliana Brito, em conversa há alguns meses com o The Gaming Era. “Montamos o programa de aceleração com focado em pitches. Mas os estúdios não conseguiam uma segunda reunião”, lembra ela. “Os pitches eram muito ruins.”

O problema, lembra ela, “era antes”, ou seja, as empresas estavam em estágios anteriores de desenvolvimento. Após um ano de trabalho e um programa focado em profissionalizar os estúdios, 85% das empresas aceleradas conseguiram uma segunda reunião. Mesmo assim, muitos deles não conseguiam fechar negócios.

“Como a gente só ganhava dinheiro quando fechasse negócio, em um ano não faturamos nada”, lembra ela.

Foi então que a IndieHero começou a fazer a curadoria de eventos, inclusive de áreas gamers do Rock in Rio, do Inova Summit e do Rio Innovation Week. Desde então a empresa aposta na curadoria de eventos como principal fonte de receitas, mas segue trabalhando na profissionalização dos estúdios brasileiros.

“A gente entendeu que [aceleração] é um negócio que pode vir a funcionar, mas é no longo prazo. O setor precisa estar mais maduro do que está. A gente não poderia depender disso como modelo de negócios”, conta ela. “Mas também entendemos que precisávamos gerar renda para os estúdios. Fechamos contratos de outsourcing para 15 deles, e passamos a fazer o comercial.”

Rumos do crescimento

A startup segue tendo como atividade central as acelerações gratuitas de estúdios, inclusive buscando parcerias com entidades como o Sebrae em estados como o Espírito Santo, entre outros. Mas o foco agora é a capacitação em negócios. A “carteira” da IndieHero tem atualmente cerca de 120 estúdios para os quais as oportunidades são oferecidas.

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“Os estúdios não se veem como empresas, mas como produtores de jogos. A gente não ensina na trilha de capacitação como fazer arte, pois existem as universidades para isso. Nosso conteúdo é sobre como vender jogos”, explica ela.

Segundo a CEO, as empresas do grupo faturaram cerca de R$ 2,5 milhões em 2023, e a expectativa é alcançar entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões em 2024.

“No ano retrasado [2022] foram R$ 1,2 milhão [faturados], então estamos crescendo. A maior parte da IndieHero, mas a game jam também fatura bem”, conta ela, que já antecipava parcerias com “players muito interessantes” ao longo desse ano. “Estamos com contratos grandes na mesa”, diz.

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