‘Friendly Fire’ no mercado de games

Por que jogar em equipe é mais urgente do que nunca?, questiona Lucas Patrício, da GMD
esports, esportes eletronicos
Imagem: Canva

Renovação é necessária, sempre. Até mesmo em um mercado tão jovem quanto o de games. Esse conceito é às vezes confundido com revolução, mas na verdade é uma longa transição, com igual responsabilidade e participação entre quem passa e quem pega o bastão.

Mas o que acontece quando pulamos essa etapa colaborativa?

Segundo a Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Digitais (Abragames), o Brasil tem mais de 1.042 estúdios de games que produziram mais de 2.600 jogos entre 2020 e 2022. O mercado cresce como um arquipélago de oportunidades, mas muitos ainda navegam sem bússola.

Com tanta gente nova entrando no mercado, fica clara a necessidade de profissionalização, suporte e apoio – em todos os níveis. Iniciativas públicas, como programas da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex) e projetos setoriais de exportação, como o Brazil Games, são como oásis em um deserto cada vez maior. Mas não se pode deixar de reconhecer a importância de suas existências e a torcida para que atraiam novos afluentes e se transformem em um enorme rio Nilo.

Programas de profissionalização particulares, como a pós-graduação em game business da ESPM, ajudam a preencher lacunas não tão óbvias de áreas do mercado pouco exploradas. E não só de estúdios de produção de games vive essa indústria.

Quantas agências especializadas em games existem no Brasil? Quantas empresas de advocacia? Quantas contabilidades? Quantas prestadoras de serviços de mídia?

Existe um enorme ecossistema que vai muito além das desenvolvedoras de jogos e que também carece de profissionalização. E, se acreditamos que renovação é um processo transitório, precisamos observar hoje o que está sendo feito para a eventual sucessão de amanhã.

LEIA TAMBÉM: Muito além do jogo: como os eSports estão mudando a cultura brasileira

Independentemente de qual área do mercado observemos, vamos encontrar certo despreparo e até ingenuidade na relação com as expectativas criadas sobre como um negócio acontece. Ainda mais por se tratar de uma indústria criativa, onde a conexão emocional com o que se está produzindo é muito grande e, naturalmente, desperta acaloradas discussões.

Há 20 anos no mercado de games, eu não tenho a menor dúvida de que o despreparo de profissionais, principalmente em posições de liderança, torna mais frágil o processo de evolução e até renovação. Seja por decisões tomadas por profissionais inseguros e despreparados ou porque se abre espaço para oportunistas de outros mercados levarem a parte mais valiosa do nosso tesouro.

O verdadeiro vilão dessa história é o despreparo da indústria em formar e capacitar profissionais. Não é o talentoso desenvolvedor independente que cria expectativas irreais sobre como um evento deve acontecer, nem o capitalista que comete erros compreensíveis ao produzir esse evento.

Renovação é necessária. Mas, para isso, é preciso garantir que exista preparação, um plano. Ainda é cedo, sim, mas os sinais que começam a aparecer são um sintoma que não pode ser ignorado.

Até lá, colegas, fica meu apelo: entrem no menu e desliguem o “friendly fire“. Antes de entrarmos na partida ranqueada valendo acesso para a próxima liga, vamos garantir que novatos e experientes estejam jogando junto na mesma equipe.

quadrados alinhados verticalmente ao lado esquerdo da caixa de newsletter

Participe da Era

Assine nossa newsletter
e receba todas nossas atualizações por email.
Obrigado pela sua assinatura! Ops! Algo deu errado... Tente novamente!

Participe da Era

Assine nossa newsletter
e receba todas nossas atualizações
por email.

Obrigado pela sua assinatura! Ops! Algo deu errado... Tente novamente!