Finlândia procura talentos brasileiros (inclusive em games)

País busca no Brasil profissionais para abastecer indústria de efervescente de jogos eletrônicos
laura, business finland
Laura Lindeman, da Business Finland. Foto: Divulgação

A Finlândia está buscando profissionais brasileiros interessados em viver e trabalhar no país, considerado o “mais feliz do mundo”, principalmente aqueles capacitados em tecnologia e games. Você não leu errado: o governo finlandês elegeu o Brasil para promover esforço ativo de recrutamento com o objetivo de preencher uma crescente lacuna de pessoal na indústria de jogos.

A Finlândia tem uma população que não ultrapassa os 5,5 milhões de habitantes, distribuída em um território grande e gelado, com o tamanho aproximado do estado do Maranhão (que ironicamente não tem nada de frio). Com a indústria de tecnologia efervescente e os habitantes locais envelhecendo, a nação tem empreendido um esforço de para trazer estrangeiros de alguns países chave, o que inclui incentivos e facilidades para a mudança.

Empresas como Remedy (de Alan Wake), Rovio (de Angry Birds) e Supercell (Clash of Clans), entre outras, são finlandesas e absorvem muita mão de obra estrangeira.

“A Finlândia quer mesmo atrair talentos do mundo todo. Nossas companhias buscam a internacionalização, seja pela conexão [com outros países e possíveis investimentos], seja para impulsionar a inovação”, me explica Laura Lindeman, diretora sênior de negócios da Business Finland, organização criada pelo governo finlandês para, entre outras coisas, atrair talentos para o país.

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Sede da Rovio em Espoo, na Finlândia. Foto: Wikimedia

A organização promoveu na semana passada um encontro na sua sede de São Paulo para apresentar as cidades do país e fazer um convite aos profissionais. Havia representantes do setor produtivo de games brasileiro na reunião, conforme o The Gaming Era pode atestar. O Business Finland também tinha um estande no Web Summit Rio de Janeiro 2024, realizado na semana passada na capital fluminense.

“A América Latina, especialmente o Brasil, é cada vez mais importante para as empresas finlandesas. O Brasil é um mercado muito grande, a Finlândia é muito menor”, explicou a executiva ao TGE.

Atualmente há cerca de 2.500 brasileiros trabalhando oficialmente na Finlândia em áreas diversas, muitos deles na indústria de games, segundo estimativas do governo local. Mas como esse número não considera os que tem passaporte europeu, é possível que ultrapassem os 5 mil, segundo Laura.

Leia também: Global Games Fund vai investir US$ 1 mi em estúdios de países emergentes – Brasil incluso

Desde o ano passado, quando o Business Finland abriu operações no Brasil, foram 27 o número de especialistas brasileiros que obtiveram autorizações de residência especializadas no país nórdico. A organização não revela quantos entraram em empresas de games. A meta para 2024 é dobrar o número total, ultrapassando 50 pessoas.

“Não são números imensos, mas acreditamos que quando eles [os profissionais brasileiros] mudam para lá, acabam trazendo outros. Eles são os melhores embaixadores para atração de talentos”, me diz a executiva, confiando que as condições de vida oferecidas pelo país são o melhor marketing.

“Os números que precisamos são pequenos. Ficaremos felizes em ter mais cem brasileiros trabalhando na Finlândia até o fim do ano”, brinca.

Condições de imigração…

Segundo Laura, há duas formas de imigrar legalmente para a Finlândia para trabalhar. A primeira e mais fácil delas é já possuindo um passaporte europeu com mais de um ano de emissão, o que possibilita residência em qualquer país da União Europeia sem grandes dificuldades.

O segundo é se candidatando a um visto de moradia, o que é possível conseguir “em cerca de duas semanas, muitas vezes menos que isso”, segundo Laura, referindo-se aos perfis buscados pelo Business Finland. Segundo ela, empreendedores que queiram transferir ou fundar uma empresa por lá também são bem-vindos, desde que “altamente educados”.

Em qualquer dos casos acima, é possível conseguir subsídios para a mudança do profissional e sua família, o que “para muitos é muito importante”, diz Laura. Programas que facilitam a mudança nas principais cidades do país, as International Houses, fornecem uma série de serviços aos recém-chegados, inclusive ajuda na busca por uma casa ou apartamento.

Os salários iniciais podem ultrapassar os 3 mil euros por mês. Pode não parecer muito, mas serviços de saúde e escolas no país são gratuitos.

… e dificuldades

Para decepção de alguns empreendedores brasileiros, a carga tributária da Finlândia é uma das maiores do mundo, superando os 40%. Mas os locais costumam dizer que são “pagadores de impostos muito felizes”, por conta das políticas públicas e infraestrutura oferecidas pelos governos do país aos cidadãos. “Há algo em retorno”, diz Laura.

Três das maiores cidades da Finlândia – a capital Helsinque, a industrial Tampere e Oulu – funcionam bem em inglês, ou seja, falar finlandês não é exatamente um problema para aqueles que queiram se aventurar. “Tudo acontece em inglês”, assegura a executiva. “Mas, para ser honesta, acredito que seja bom aprender a língua local em algum momento. Mas para o trabalho não precisa.”

A executiva não nega que clima gelado, com temperaturas muito abaixo de zero e apenas quatro horas de luminosidade no alto-inverno da capital Helsinque, podem ser um desafio para os brasileiros (no extremo norte do país, há lugares em que a noite chega a durar 50 dias seguidos). Mas, segundo ela, a população é acolhedora e não é difícil construir uma vida social.

“Nos beneficiaríamos de ter mais festas e gentileza [como no Brasil], mas temos coisas legais e uma ótima qualidade de vida. Não é tão difícil [se adaptar]”, assegura Laura.

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