logo the gaming era

CEO da Antstream: ‘não estamos aqui para combater a pirataria’

Steve Cottam acredita que plataforma de jogos retrô por assinatura é alternativa mais prática para acessar jogos retrô
steve cottam, antstream
Steve Cottam, CEO da Antstream Arcade. Foto: Divulgação

O mercado de games retrô no Brasil é uma miscelânia muitas vezes difícil de contextualizar. Da mesma forma que temos eventos e pessoas sérias trabalhando com colecionismo profissional e feiras para dar um mínimo de organização a esse mercado, por outro lado sabemos que ainda existem muitos jogadores que vão atrás de pirataria, desbloqueio de consoles, roms ilegais na internet e, mais recentemente, emulação ilegal através de consoles white label, principalmente oriundos da China.

É claro que estamos falando de um mercado extremamente complexo, que envolve licenças, publishers que muitas vezes não existem mais, hardwares fora de linha e tantos outros fatores que dificultam equilibrar preços e gerar alternativas para aproveitar os games retrô de forma mais, digamos, legalizada.

Nessa esteira cheia de dificuldades, hoje trago uma entrevista muito bacana com Steve Cottam, CEO da Antstream Arcade, principal serviço de streaming de jogos retrô do mundo. Esse tipo de serviço, em que as pessoas encontram diversos títulos antigos em só lugar a um preço acessível, surge como alternativa para um mercado tantas vezes nebuloso.

Eu tive, aliás, a oportunidade de testar o Antstream Arcade pelo The Gaming Era. O serviço chegou recentemente para Xbox, e a facilidade de encontrar tantos títulos em um só lugar –  Pac Man, Metal Slug, Double Dragon, Fatal Fury, além de retrô indies – realmente traz uma sensação de que é possível pulverizar os retrô games para mais jogadores de uma forma bem séria e profissional.

Cottam, aliás, é bem claro sobre os planos da Antstream. “Pirataria é errado, todos sabemos disso, mas a Antstream não está aqui para combater a pirataria, e sim para oferecer uma alternativa mais simples, econômica e que realmente funcione”.

Confira a entrevista exclusiva completa com CEO do serviço!

Você pode nos contar um pouco sobre sua história e como surgiu a ideia da Antstream?

Steve Cottam: Meu interesse por videogames começou nos anos 80, com sistemas como o Dragon 32, ZX Spectrum e depois o MSX, que me apresentou ao grande jogo Manic Miner. Com o passar dos anos, passei um tempo jogando em muitas outras plataformas e até aprendi a programar.

Avançando rapidamente, me vi trabalhando em TI em alguns projetos bastante interessantes, incluindo as primeiras iterações de streaming em nuvem. Isto me deu a ideia de que essa tecnologia poderia ser usada em videogames retrô menos complexos.

Nessa época, o interesse em jogos retrô estava crescendo, mas encontrar vários desses videogames de sistemas antigos se revelou muito difícil e complicado. Isto contrastava com outras formas de mídia, como música ou filmes, que já estavam facilmente disponíveis na internet.

Então, pensei: “que tal um serviço de jogos em nuvem no qual os jogadores pudessem encontrar todos esses jogos antigos em um só lugar, prontos para jogar?”.

Isso não apenas dará aos jogadores a chance de descobrir jogos que talvez nunca tenham jogado antes, mas também evitará que muitos desses títulos retrô desapareçam completamente. Assim, nasceu a Antstream.

Qual o maior desafio de produzir um serviço de streaming que remete a jogos de outras décadas, principalmente no que diz respeito a licenças, aumento de biblioteca e atualizações constantes?

Provavelmente o maior desafio, pelo menos nos primeiros dias da Antstream, foi encontrar os detentores dos direitos. Embora a indústria de videogames agora esteja relativamente calma, no início tudo era muito mais caótico, tornando o simples ato de licenciar um jogo para aparecer na Antstream um processo longo e demorado.

As equipes de desenvolvimento se separam, publishers fecham, muita coisa pode acontecer. Alguns desenvolvedores nem sabem que possuem os direitos de um jogo em que trabalharam anos atrás.

Nesse aspecto, as coisas estão ficando muito mais fáceis à medida que a Antstream cresce, pois agora temos pessoas nos abordando com seus jogos. Isso inclui títulos clássicos das plataformas do passado, até os atuais títulos “indie retrô”, permitindo que a Antstream tenha um fluxo contínuo de novos jogos chegando ao serviço.

Temos uma equipe dedicada a testar novos games e garantir que funcionem bem com o serviço da Antstream, e podemos apoiar esses novos desenvolvedores independentes a trazer seus jogos para streaming na nuvem.

Quais são as plataformas/publishers/jogos mais desafiadoras de trazer para a Antstream e que hoje acabam atraindo mais players para o serviço de streaming?

Existem certos videogames que se tornaram parte da consciência coletiva dos jogos, os tipos de títulos dos quais até mesmo pessoas que não têm interesse em games já ouviram falar. Embora tenhamos tido a oportunidade de trazer muitos desses jogos para a Antstream, muitas vezes as publishers querem manter a exclusividade deles.

O Brasil é um país apaixonado por jogos retrô, mas na mesma proporção os jogadores têm acesso a emuladores e jogos antigos de forma ilegal através da pirataria. A pirataria é um desafio complexo para você, considerando que muitos desses jogos são fáceis de encontrar na internet?

Tal como acontece com muitas atividades ilegais, a pirataria de videogames nasceu da necessidade. As dificuldades passadas do Brasil no acesso aos videogames tornaram a pirataria uma opção mais atraente do que talvez em outros países.

No entanto, existem dificuldades envolvidas com emuladores e roms que tornam a Antstream muito mais atraente.

Os emuladores nem sempre funcionam perfeitamente, e o perigo inerente de executar programas de uma fonte questionável em qualquer dispositivo é algo que as pessoas querem evitar.

O mesmo se aplica aos jogos, pois os usuários nem sempre podem ter certeza da fonte. Além disso, emuladores e roms muitas vezes exigem que o usuário final tenha o mínimo de habilidade técnica, na melhor das hipóteses perdendo um tempo para realmente jogar esses jogos e, na pior delas, resultando só em frustração.

A Antstream, por outro lado, é uma forma muito simples de acessar uma enorme biblioteca de jogos. O custo é relativamente baixo em comparação com muitos serviços, e a chance de simplesmente fazer login, encontrar um jogo e começar a jogar quase sem demora torna o serviço uma opção muito melhor para jogos retrô.

Além do fato de haver tantos jogos e todos funcionarem exatamente como deveriam, existe a comunidade Antstream, com tabelas de classificação e torneios para trazer um lado social aos jogos retrô, e desafios de minijogos que oferecem diferentes maneiras de aproveitar títulos clássicos.

Pirataria é errado, todos sabemos disso, mas a Antstream não está aqui para combater a pirataria, e sim para oferecer uma alternativa mais simples, econômica e que realmente funcione.

Hoje temos um grande movimento de videogames portáteis, principalmente da China, que também apostam na emulação. Este também é um concorrente complexo da Antstream?

Dispositivos como o Miyoo Mini Plus ou o Anbernic RG35xx são engenhosos. Esse pensamento meio que menospreza as realizações das empresas por trás desses sistemas, concentrando-se em suas habilidades de jogar jogos piratas.

No entanto, esses sistemas ainda enfrentam os mesmos problemas de qualquer outra alternativa para a pirataria de jogos retrô. Os usuários ainda terão que contar com desenvolvedores de emuladores para atualizar e melhorar o software, e ainda terão que procurar roms.

A natureza de código aberto desses dispositivos também significa atualizações ou ajustes frequentes nos sistemas operacionais e problemas inesperados que causam frustração ao usuário. Esses dispositivos são mais voltados para entusiastas que ficam felizes em passar tanto tempo mexendo em seus sistemas quanto jogando.

À medida que a Antstream cresce, o serviço se espalha para cada vez mais plataformas, garantindo que os fãs de jogos retrô possam acessar seus títulos favoritos em mais lugares. Do PC, Linux e Xbox, às TVs Samsung e carros Mercedes e, mais recentemente, à iOS App Store; já existem muitos lugares para jogar jogos retrô, com mais por vir.

Sempre haverá pirataria, mas neste caso a Antstream é realmente uma alternativa viável.

Quais os principais desafios para o crescimento do número de players na Antstream e quais os projetos de curto e médio prazo para potencializar a plataforma?

Mais recentemente, lançamos a Antstream na App Store do iOS, tornando-nos o primeiro serviço de streaming de jogos disponível na loja da Apple. Ainda planejamos expandir para outras plataformas mais óbvias, garantindo que os jogadores possam acessar seus jogos no maior número possível de dispositivos.

Nosso objetivo é disponibilizar o serviço em tantas plataformas para que possamos realmente dizer que os jogadores conseguem acessar a Antstream a qualquer hora e em qualquer lugar, desde que tenham acesso à Internet.

Encontrar mais jogos para adicionar ao serviço é sempre uma prioridade. Cada jogador tem memórias nostálgicas de um jogo ou de outro, e adoraríamos dizer que cada uma delas pode ser encontrada na Antstream.

Talvez o próximo projeto mais emocionante seja o Vision, o redesenho e reconstrução completos da nossa interface de usuário. Embora a Antstream tenha mudado lentamente nos últimos anos, implementamos apenas atualizações e melhorias pontuais no serviço.

O Vision representa uma revisão completa do serviço. Ele foi criado do zero para trazer novos recursos competitivos, uma interface moderna e elegante, recompensas de jogo, novas maneiras de jogar e uma experiência de jogador totalmente personalizada. Embora ainda esteja um pouco distante, o lançamento do Vision é provavelmente a maior novidade que já aconteceu na Antstream até agora.

E não estamos planejando parar por aí. Trazer mais jogadores para a Antstream significa adicionar constantemente novos jogos ao serviço, lançá-los em novas plataformas e atualizar o serviço para torná-lo a melhor experiência de jogo possível, e a equipe da Antstream continuará fazendo isso.

quadrados alinhados verticalmente ao lado esquerdo da caixa de newsletter

Participe da Era

Assine nossa newsletter
e receba todas nossas atualizações por email.
Obrigado pela sua assinatura! Ops! Algo deu errado... Tente novamente!

Participe da Era

Assine nossa newsletter
e receba todas nossas atualizações
por email.

Obrigado pela sua assinatura! Ops! Algo deu errado... Tente novamente!