EXCLUSIVO: Game brasileiro El Hero quer ter 10 milhões de jogadores em um ano

Rodrigo ‘El Gato’ e Ramon Wanderley, do estúdio Moonite, detalham planos. Para eles, mercado de battle royales ainda oferece oportunidades
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Rodrigo 'El Gato' Fernandes: o criador de El Hero. Foto: Divulgação

Lançado oficialmente na última quinta-feira (20) após mais de 900 mil downloads durante os oito meses da fase de testes fechados, o battle royale mobile brasileiro El Hero tem planos ambiciosos. A expectativa dos desenvolvedores é chegar a 10 milhões de jogadores no primeiro ano, o que deve demandar investimentos “milionários” na aquisição de usuários por meio de ações de marketing, atualizações frequentes, torneios competitivos com “premiações atrativas” e parcerias de divulgação com influenciadores.

É o que revelam em entrevista ao The Gaming Era os dois principais criadores do game para dispositivos móveis: o idealizador do game Rodrigo ‘El Gato’ Fernandes, influenciador e ex-pro-player famoso pela atuação no cenário de Free Fire, da Garena, e um dos sócio fundadores da organização de esportes eletrônicos LOS; e Ramon Wanderley, CEO e cofundador do Moonite, estúdio com sede em Recife (PE) – do qual, aliás, El Gato também é sócio.

“Estamos extremamente otimistas com o lançamento oficial do El Hero”, diz Wanderley, em entrevista concedida por e-mail. “Nossa expectativa é alcançar a marca de 1,5 milhão de usuários nos primeiros dias, impulsionados por campanhas de marketing estratégicas e o engajamento dos influenciadores parceiros.”

Um desses parceiros é Yuri ‘Yuri22’ Brida, outro influenciador e streamer conhecido pela comunidade de Free Fire, que na semana passada anunciou aporte de R$ 10 milhões no jogo. Como sócio, ele deve ter papel de decisão nos rumos do game, além de participar das atividades de divulgação em transmissões ao vivo, movimentando a comunidade.

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Yuri22 (à esquerda) com Rodrigo ‘El Gato’: sócios em El Hero. Foto: Divulgação

Como é tradicional no gênero de battle royales, El Hero é gratuito, com monetização baseada em microtransações, ou seja, compra de moedas para troca por itens in-game. Mas traz uma novidade: o chamado “cash game”, inspirado em torneios de poker, em que os jogadores poderão fazer apostas no próprio desempenho durante as partidas e ser monetariamente recompensados por isso.

O recurso ainda não está disponível, explica o CEO da Moonite, e deve funcionar por meio de um aplicativo específico ainda não lançado, e permitido apenas para maiores de 18 anos.

“… o principal fator para a vitória não é exclusivo da sorte, mas sim estratégia e habilidade”, diz Wanderley. “Adotamos uma série de medidas rigorosas para garantir a integridade das partidas, além de promover um ambiente saudável, onde a competição é baseada em habilidade e estratégia.”

Outro battle royale?

Criado em 2017 por Playerunknown’s Battlegrounds (PUBG), da PUBG Corporation, o gênero dos battle royales se tornou um dos mais explorados do mundo dos games. Jogos como Fortnite (Epic Games), Call of Duty: Warzone (Activision Blizzard), Apex Legends (Electronic Arts) entre tantos outros, movimentam todos os dias milhões de fãs (e bilhões de dólares) no mundo todo, e transformaram em celebridades influenciadores conectados a esses cenários.

Quando chegou aos dispositivos móveis – com Free Fire e PUBG Mobile, por exemplo –, esses games se tornaram mais democráticos e viraram fenômenos em comunidades, mesmo as mais carentes. Afinal, não era necessário mais que um celular de entrada para se divertir. Junta-se a isso a criatividade brasileira e influenciadores como Nobru e Cerol se tornaram fenômenos nacionais.

Posto tudo isso, ainda há espaço para outro jogo do gênero, ainda mais um produzido no Brasil? Para El Gato a resposta é sim. “Observamos uma oportunidade no modelo do El Hero, [já que] muitos jogos do gênero não priorizavam a comunidade, seja por questões de acessibilidade ou falta de oportunidades”, explica o empresário e influenciador.

Para ele, apesar da concorrência pesada das grandes franquias do gênero, o mercado de games é “vasto” e em “constante evolução”. “Há espaço para títulos que trazem propostas inovadoras e que conseguem se conectar genuinamente com o público”, acredita ele. “… especialmente no que diz respeito à acessibilidade e a criação de um ambiente que valoriza a profissionalização de novos talentos”.

Antes do aporte de Yuri Brida, El Gato era o único investidor do projeto – mas ele não revela quanto gastou até aqui em El Hero. A Moonite Games, por sua vez, é a responsável pelo desenvolvimento desde o início, e mais de 50 profissionais brasileiros trabalharam no projeto criado usando o motor gráfico Unity.

“Isso demonstra a força e o talento do mercado nacional, e nosso objetivo é levar essa representatividade para o mundo”, ressalta Wanderley, CEO do estúdio pernambucano, ressaltando os desafios para criar um jogo do tipo. “Desenvolver um battle royale apresenta desafios únicos, especialmente em termos de balanceamento de jogabilidade, estabilidade dos servidores e criação de um ambiente competitivo justo.”

Dificuldades no lançamento

Já no dia da estreia, El Hero alcançou o primeiro lugar na categoria jogos casuais gratuitos na App Store, loja de aplicativos para o iOS, da Apple – posição que continua ocupando na data de publicação dessa matéria. O jogo também foi lançado para o Android, sistema operacional do Google que domina o mercado brasileiro, mas o jogo saiu da loja Play Store e até essa segunda-feira (24) seguia fora do ar.

Em comunicado publicado no Instagram no sábado (22), o executivo disse que trabalha com o Google para reverter a situação, e alega que o jogo não fere as políticas da “big tech”. Argumenta também que El Hero continua disponível no sistema operacional móvel da Apple e que é “o mesmo app” nos dois sitemas. Mas admite que pode levar pelo menos três dias até que o game volte ao ar.

“O sentimento que fica é que parece que estão tentando silenciar a gente”, diz El Gato no vídeo. “Venho aqui pedir para vocês que continuem apoiando. Estamos lutando dia após dia para tornar o El Hero um caso de sucesso.”

A versão final do battle royale brasileiro começa com uma primeira temporada chamada de “season zero”, que inclui um passe de batalha temático de carnaval, com skins, itens e cosméticos que remetem a cultura nacional. O jogo aposta em personalidades locais da internet, como Iran Ferreira, o Luva de Pedreiro, e em referências claras à cultura e às localidades típicas do País, como forma de atrair o público.

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Skin do influenciador Luva de Pedreiro em El Hero. Imagem: Divulgação

O game também conta com um “sistema de amizade”, que promete aos jogadores uma interação mais estreita com os amigos, além de um sistema detalhado de estatísticas das partidas. Segundo os desenvolvedores, o projeto buscou atender os principais pedidos da comunidade e, ao mesmo tempo, entregar um jogo com “padrão de excelência”.

A promessa é que o título ganhe funcionalidades e modos de jogo ao longo do tempo.

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