O acesso do brasileiro a todo tipo de atividades culturais recuou em 2024, especialmente idas ao cinema e à biblioteca. A única exceção foram os jogos eletrônicos, em que houve aumento do consumo. A queda ocorreu na grande maioria dos grupos sociais, mas foi maior entre homens, indígenas e pardos.
Os dados fazem parte de uma pesquisa – chamada Cultura nas Capitais – que investigou os hábitos culturais dos brasileiros. O estudo cobriu as capitais dos 26 estados do Brasil e o Distrito Federal. A coleta de dados foi realizada pelo Datafolha, com análise dos resultados pela equipe da JLeiva. Ao todo foram ouvidas 19,5 mil pessoas com 16 anos ou mais.
Entre as descobertas está a de que menos da metade dos moradores das capitais frequenta cinemas, e que o acesso aos games (51%) é duas vezes maior do que às bibliotecas (25%).
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Além disso, mais de um terço dos entrevistados nunca visitou um museu, e dois em cada cinco nunca viram uma peça de teatro. A pesquisa foi encomendada pela JLeiva Cultura & Esporte, e patrocinada pelo Itaú Unibanco e pelo Instituto Cultural Vale, com parceria da Fundação Itaú.
“Esses números mostram o tamanho do desafio que enfrentamos para tornar a cultura acessível a todos”, diz João Leiva, diretor da JLeiva Cultura & Esporte. “A pesquisa dá uma fotografia clara de onde estamos e para onde podemos ir com políticas culturais mais inclusivas e estratégias de fomento”.
Embora o cinema seja mencionado como atividade cultural que o brasileiro mais faz fora de casa, apenas 48% disseram ter ido ver um filme nos 12 meses anteriores à pesquisa. Mais de um terço dos moradores das capitais (36%) nunca foi a um museu, enquanto quase dois em cada cinco nunca assistiram a uma peça teatral (38%).
Escolaridade, classe social, gênero e raça
O estudo também descobriu que a escolaridade tem mais peso no acesso à cultura do que a condição econômica. Entre as pessoas da classe D e E com ensino superior, 97% participaram de ao menos uma atividade cultural nos últimos 12 meses, contra 83% entre as da classe A/B que tem apenas ensino fundamental.
Em todas as atividades pesquisadas, quanto maior a escolaridade, maior o acesso — inclusive leitura de livros, videogames ou circo. A diferença é mais importante no acesso a concertos de música clássica, museus, saraus, teatro, bibliotecas e cinema: enquanto 9% das pessoas com ensino fundamental foram ao teatro, o percentual vai a 40% entre quem tem ensino superior.
O percentual de homens e mulheres que foram a atividades culturais nos últimos 12 meses é bastante semelhante, com diferenças dentro da margem de erro. Há duas atividades em que o acesso das mulheres é significativamente maior: leitura (65% contra 59%) e espetáculos de dança (26% contra 22%).
No caso de jogos eletrônicos e visitas a locais históricos, o acesso dos homens é maior.
Os números também mostram que o acesso das pessoas brancas a atividades culturais é superior ao dos outros grupos em sete das 14 atividades pesquisadas. Pessoas que se declaram brancas têm mais acesso a bibliotecas (28%), museus (32%), teatros (29%), feiras literárias (24%), concertos (11%), locais históricos (49%) e livros (67%) que os outros grupos.
Já as pessoas pretas são as que mais vão a espetáculos de dança (27%), shows de música (44%), saraus (15%) e festas populares (39%). Pessoas amarelas são as de maior acesso a cinemas (59%) e jogos eletrônicos (59%).
A faixa etária de 16 a 24 anos registra os maiores percentuais de acesso no caso da leitura de livros, bibliotecas, games, cinema, museus, espetáculos de dança e feiras literárias. A diferença entre jovens e idosos é maior em jogos eletrônicos (83% entre pessoas de 16 a 24 anos e 20% entre maiores de 60 anos), cinema (74% para 26%), shows de música e bibliotecas (53% para 23% e 44% para 15%, respectivamente).
Os dados do estudo podem ser acessados e comparados nesse link.
