A história dos videogames é uma saga marcada por constante inovação e impulsionada pela evolução tecnológica. Tudo começou nos anos 1970 com os clássicos jogos de arcade, que eram máquinas gigantes exibindo jogos simples em pequenas telas e que ocupavam muito tempo das crianças – em uma década em que as horas pareciam passar lentamente. Naquela época, os jogos eram programados diretamente nos circuitos da máquina, e a ideia de salvar o progresso era praticamente inimaginável, pois a tecnologia de armazenamento era rudimentar, com dados gravados em chips ROM.
Cada jogo era único e inesquecível, mas também podia trazer uma experiência frustrante. Qualquer interrupção significava o fim da aventura – seja um pai dizendo que era hora de ir, uma queda de energia ou simplesmente falta de habilidade técnica ao enfrentar um boss.
Com a expansão do mercado para consoles domésticos na década de 1980, a experiência de jogo se tornou mais acessível. Cartuchos e disquetes permitiam aos jogadores levar os jogos para casa e, pela primeira vez, salvar o progresso. E até permitiam aos jogadores se aventurarem ao criar os próprios títulos.
No entanto, a capacidade de armazenamento limitada desses dispositivos restringia a complexidade dos jogos.
O surgimento dos jogos 3D na década de 1990 revolucionou a indústria de videogames, introduzindo uma nova dimensão de jogabilidade e imersão visual. Títulos icônicos marcaram aquela era, oferecendo aos jogadores a possibilidade de explorar mundos tridimensionais com liberdade sem precedentes.
LEIA AINDA: Vendas da Nintendo fora do Japão, EUA e Europa cresceram 6,4 vezes desde 2017
Ainda assim, essa evolução técnica também trouxe desafios significativos de armazenamento. Modelos 3D, texturas detalhadas, animações complexas e sons tridimensionais aumentaram drasticamente o tamanho dos arquivos de jogo. Os principais meios de armazenamento da época, como os cartuchos, começaram a se mostrar insuficientes para acomodar a quantidade de dados exigidos por esses novos projetos ambiciosos.
A solução veio com o uso de discos ópticos como CDs e DVDs, que ofereciam muito mais capacidade de armazenamento em comparação com os cartuchos tradicionais. Os CDs, por exemplo, podiam armazenar cerca de 700 MB de dados, enquanto um cartucho típico da época armazenava apenas alguns megabytes. Isso permitiu que os desenvolvedores expandissem horizontes criativos, criando jogos com gráficos mais avançados, trilhas sonoras orquestradas e cutscenes cinemáticas.
Nessa época, os consoles também começaram a usar cartões de memória para permitir que os jogadores salvassem seu progresso, oferecendo maior flexibilidade e ampliando ainda mais as possibilidades criativas para os desenvolvedores.
Com novas tecnologias, a capacidade de armazenamento cresceu exponencialmente, impulsionada pela evolução dos hard drives e, mais recentemente, dos SSDs. Hoje, com o avanço do cloud gaming, a fronteira do armazenamento foi expandida ainda mais, permitindo que os jogadores acessem uma biblioteca quase infinita de jogos a qualquer hora e em qualquer lugar, sem a necessidade de um console poderoso ou grande espaço em disco.
Salto para o online
O armazenamento desempenhou um papel crucial na popularização dos jogos online e multiplayer, moldando a forma como os jogadores interagem entre si e com os jogos. Com a criação da internet, a capacidade de armazenar e acessar grandes volumes de dados se tornou essencial para o funcionamento das partidas online.
Jogos mais novos e avançados exigiam que os jogadores baixassem arquivos substanciais para entrar em mundos compartilhados, enquanto servidores centralizados mantinham registros de progresso, estatísticas e atualizações constantes. À medida que o armazenamento de servidores avançava, a infraestrutura de dados evoluía para dar suporte a partidas com milhares de jogadores simultâneos, criando experiências multiplayer mais complexas e imersivas e ajudando na construção de muitas comunidades de jogos como conhecemos hoje.
A crescente demanda por jogos multiplayer também impulsionou o desenvolvimento de soluções de armazenamento em nuvem. Essa tecnologia permitia que os dados do jogador fossem armazenados e sincronizados remotamente, garantindo acesso rápido e seguro de qualquer lugar do mundo.
Além disso, a nuvem abriu novas possibilidades para jogos com mundos persistentes, onde o progresso de cada jogador era mantido em servidores mesmo após o término de uma sessão. Esses jogos se beneficiaram muito dessa evolução, permitindo atualizações frequentes, novos conteúdos e uma base de jogadores conectada globalmente. Mostrando que mais uma vez o avanço no armazenamento foi um fator chave na transformação do mercado de jogos, transformando o multiplayer online em um fenômeno cultural e econômico.
O armazenamento também desempenhou um papel fundamental na formação da cultura dos jogos, permitindo não apenas a criação de comunidades globais, mas também a preservação da história dos jogos. Com o surgimento de plataformas de armazenamento em nuvem e espaços digitais, os jogadores começaram a compartilhar facilmente mods, arquivos que podem modificar o jogo base, fomentando o crescimento de comunidades dedicadas e colaborativas.
Como resultado, o armazenamento em massa permitiu que a história dos videogames fosse preservada e acessada continuamente, com o relançamento de clássicos e a criação de arquivos digitais que mantêm os jogos antigos vivos para novas gerações. Essa facilidade de acesso e troca de dados ajudou a consolidar o gaming como uma cultura global, onde jogadores, criadores e fãs podem se conectar e colaborar independentemente de barreiras físicas, perpetuando o legado de décadas de inovações.
E o que vem por aí?
Nos próximos anos, o armazenamento continuará a desempenhar um papel transformador na forma como jogamos, à medida que tecnologias como SSDs ultra-rápidos, armazenamento em nuvem e streaming de jogos evoluem. Com a expansão da tecnologia SSD, os tempos de carregamento devem ser praticamente eliminados, permitindo que os jogos se tornem mais dinâmicos e fluidos.
Isso permitirá a criação de mundos abertos ainda maiores e mais detalhados, onde mudanças em tempo real e interações instantâneas se tornarão padrão, melhorando a imersão e o realismo. A arquitetura de armazenamento também será otimizada para suportar texturas e grandes dados para jogos que usam gráficos 4K e 8K, bem como elementos avançados de IA e física.
Além disso, espera-se que o armazenamento em nuvem continue a redefinir a forma como os jogadores acessam e compartilham conteúdo, ajudando a democratizar o acesso a jogos de ponta.
Essa evolução também permitirá a expansão do multiplayer massivo, com milhões de jogadores conectados em tempo real em mundos persistentes.
O armazenamento será essencial para dar suporte a essa nova era dos jogos, não apenas em termos de desempenho, mas também na curadoria de grandes volumes de dados e na preservação contínua de experiências digitais, permitindo que os desenvolvedores deixem sua imaginação correr solta na criação da próxima geração de jogos.