Entre 2022 e 2023, houve crescimento de 3,2% no número de estúdios brasileiros que desenvolvem jogos eletrônicos, passando de 1.009 em 2022 para 1.042 em 2023. O faturamento dessas empresas cresceu ainda mais, saltando de US$ 143,3 milhões em 2021 para R$ 251,6 milhões em 2022 – um salto de quase 57%.
O número de jogos desenvolvidos entre 2020 e 2022 chegou a 2.600. Desses, 1.009 foram lançados somente em 2022, 12% a mais do que em 2021. Os profissionais do segmento saltaram de 12.441 para 13.225, crescimento de 6,3%.
Os dados foram divulgados nessa quarta-feira (28) pela Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Digitais, a Abragames, e fazem parte da segunda edição da Pesquisa Nacional da Indústria de Games. O estudo é uma parceria entre a entidade e a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex Brasil), por meio do projeto de exportação Brazil Games.
A nova edição do estudo foi divulgada exatamente (e estranhamente) um dia depois do lançamento da Pesquisa Game Brasil, do SX Group e da Go Gamers, que se debruça sobre o mercado consumidor. No caso do estudo da Abragames, o foco são os produtores de jogos no País, principalmente estúdios.
“Os dados presentes na segunda edição da pesquisa também reforçam a posição do Brasil como uma das mais promissoras regiões para a prestação de serviços de External Development, como já vinha sendo apontado nos relatórios da XDS Summit, referência global no assunto”, diz em comunicado Rodrigo Terra, presidente da Abragames, que já havia falado do crescimento do mercado brasileiro em entrevista ao TGE.
Segundo ele, os estúdios brasileiros têm atendido “demandas internacionais com qualidade e se destacado, entre outros aspectos, pelas questões artística, de engenharia e co-dev. Com isso, temos metade das desenvolvedoras brasileiras que atuam em outros mercados com mais de 70% dos faturamentos oriundos dos mais variados países”.
Desde 2014, quando foi realizada a primeira análise do segmento, o Brasil passou de 133 estúdios para 1.042, um aumento de quase oito vezes. Nos últimos cinco anos, foram 177% de aumento – em 2018 eram apenas 375 empresas desenvolvendo games no País.
Mais faturamento
O salto nos valores de faturamento indicados no começo do texto se deve a uma mudança de cálculo do estudo. O número de 2021 considera apenas os valores recebidos pelas desenvolvedoras que lançam games para o público final, enquanto a nova edição também conta serviços para terceiros, como jogos educacionais e advergames, entre outros.
O levantamento indica que 60,4% das empresas têm faturamento de até R$ 360 mil (eram 65% na pesquisa de 2022), enquanto 33,3% arrecadam até R$ 81 mil (eram 39% na edição anterior). As que faturam entre R$ 360 mil e R$ 1,8 milhão são 27,7%. Segundo a Abragames, os números indicam que as desenvolvedoras estão amadurecendo e se expondo mais no mercado.
Essas receitas são oriundas, principalmente, da venda de jogos via plataformas digitais, que cresceu de 54% em 2021 para 62% em 2022. Já a venda direta caiu de 30% para 23%. Microtransações (20%), encomendas privadas (17%) e publicidade (16%) aparecem em seguida.
Jogo de entretenimento lideram com folga (83%), seguidos dos educacionais (8%) e dos advergames (3%). No que tange as plataformas, a maioria das empresas disse que arrecada mais com lançamentos para computadores (44%), seguidos por dispositivos móveis (23%) e consoles (12%).
Entendendo a metodologia
Apesar de divulgado no começo de 2024, o estudo utilizou dados coletados durante o ano de 2023 – e por isso a maior parte do recorte se refere ao ano de 2022, não 2023. O levantamento foi conduzido pela GA Consulting e utilizou metodologia mista, compreendendo um mapeamento amplo de mercado e um questionário.
Nessa edição, 309 empresas responderam ao questionário de forma proativa, aumento de cerca de 39% em relação ao ano anterior (223 empresas). Além disso, 34 estúdios responderam como autônomos (por serem empresas individuais). Na soma, são 343 respondentes – cerca de 33% das mapeadas.
O mapeamento considerou estúdios a partir de uma série de critérios: aqueles que participam associações ou coletivos regionais; tem website e/ou redes sociais ativas no período; ter um jogo lançado; ter CNPJ ativo e CNAE principal coerente com a atividade de desenvolvimento de jogos; entre outros.
“A segunda edição da pesquisa é resultado de um árduo trabalho ao longo dos últimos dois anos. Além dos desafios naturais de um estudo dessa grandeza, o mapeamento da indústria de jogos digitais no Brasil acrescenta outras barreiras que devem ser pontuadas para um melhor entendimento do relatório e de sua utilização para a tomada de decisões”, explica Marcos Vinicius Cardoso, cofundador da GA Consulting, citando a falta de um CNAE específico para as empresas e o dinamismo do setor, que tem “poucos entraves para novos entrantes”.
A versão completa da pesquisa pode ser baixada (em pdf) nesse link.