Se tem uma coisa que os últimos anos deixaram bem clara é que o cenário de esportes eletrônicos – os eSports – não vive só de vitórias dentro de jogo. Na verdade, nunca viveu. Mas agora ficou impossível ignorar.
Times fechando portas, salários atrasando, grandes organizações cortando line-ups inteiras. Do lado de fora, quem vê só o palco iluminado e os troféus dourados nem sempre percebe, mas o modelo econômico dos eSports, como existia antes, não é mais viável.
Durante anos, o crescimento acelerado do setor foi alimentado por uma bolha de otimismo — todo mundo queria entrar, investir, apostar. Mas junto com o crescimento veio a dependência quase total de patrocínios.
E agora, com o mercado global retraído, essa dependência virou fraqueza.
As marcas estão mais exigentes, pedindo retorno claro sobre os investimentos. A audiência por si só já não garante patrocínios. Engajamento superficial não fecha contratos. E, sejamos honestos: muitas organizações não estavam preparadas para isso.
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A boa notícia? Quem entender essa nova realidade a tempo tem a chance de construir algo mais sólido, mais criativo e muito mais sustentável.
E é aí que entra o argumento principal: os times de eSports precisam parar de se ver como equipes e começarem a se ver como “marcas”. Marcas que contam histórias, que têm propósito, que dialogam com seus públicos de maneira autêntica e criam múltiplas fontes de receita.
Isso significa:
- Criar conteúdo que não dependa só de resultado de campeonato;
- Trabalhar o lifestyle gamer como parte da identidade da organização;
- Investir em produtos próprios, como cursos, eventos, roupas, experiências;
- Atuar como produtoras de entretenimento, não só como time competitivo.
Em outras palavras, parar de pensar só como time e começar a pensar como empresa criativa.
Sim, isso exige mudança de mentalidade. Exige estratégia. Exige abandonar o conforto da “bolha” que um dia existiu. Mas também é a única saída realista.
Continuar esperando o próximo grande patrocínio enquanto o caixa seca é um atalho para a falência. A profissionalização do eSports não pode ser só dentro de jogo, precisa acontecer também no backstage.
E mais: a comunidade precisa amadurecer junto.
Apoiar iniciativas novas, valorizar quem está tentando fazer diferente, cobrar menos “skins” e mais consistência. Porque se a gente quer que os eSports sigam crescendo — e eu quero — temos que entender que o jogo virou.
E não tem respawn para quem ficar parado.