5 coisas que ninguém te conta sobre trabalhar com desenvolvimento de games

Existe uma parte menos ‘glamurosa’ de trabalhar com jogos, e você precisa estar preparado para ela, escreve Davi Baptixta
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Foto: Canva

Existe uma grande romantização sobre trabalhar em “carreiras dos sonhos”, como cinema, arte e videogame. Trabalhar com desenvolvimento de games pode ser realmente maravilhoso e divertido, mas é importante estar ciente das dinâmicas que o mercado brasileiro e internacional tem, e aprender a lidar com possíveis desafios sem ser explorado.

Eu sou o Davi Baptixta, sou game designer, professor, crio conteúdo nas redes sociais, e vou compartilhar meu conhecimento e vivências do mundo do desenvolvimento de games brasileiro aqui no The Gaming Era também!

Minha ideia é compartilhar a parte que pode ser considerada menos “glamurosa” de trabalhar com jogos. São questões pouco abordadas em vídeos, cursos e faculdades, mas que são tão importantes quanto todas as outras necessárias para se fazer carreira nos games.

Eu trabalho com desenvolvimento de games há pelo menos cinco anos, e passei por muitas situações no começo da carreira que realmente espero que você não passe. Vou te contar a seguir cinco coisas que, se eu soubesse antes, teriam me poupado muitas dores de cabeça.

1. Você provavelmente vai ser PJ

Caso você tenha caído aqui de paraquedas, ou ainda não tenha tido algum vínculo empregatício em nenhum lugar, existem duas principais modalidades para você ser contratado no Brasil. São elas:

  • CLT (Consolidação das Leis do Trabalho): regime em que são assegurados direitos trabalhistas, então você tem direito a férias, décimo terceiro e outras coisas;
  • PJ: Sigla para Pessoa Jurídica, e se refere a empresas ou entidades com personalidade jurídica, identificadas por CNPJ. Essa modalidade de trabalho, diferente da contratação CLT, estabelece uma relação de prestação de serviços entre empresas.

Quando a gente fala sobre estúdios do Brasil, a esmagadora maioria faz contratação PJ!

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Ser PJ é obrigatoriamente algo ruim? Não necessariamente, mas é importante que, ao criar seu CNPJ e ao assinar um contrato de prestação de serviço, que você conheça seus direitos (e a falta deles também) para não cair em cilada.

Como PJ você não precisa cumprir horários nem bater ponto, como acontece na CLT. Então tome muito cuidado com estúdios de games que te exigem oito horas online, mesmo estando dentro do regime de trabalho PJ. Você também não tem direito a férias nem décimo terceiro, então tome cuidado com as vagas que pagam muito pouco, pois você não terá esses direitos.

2. Trocar de projeto ou empresa é muito comum

Felizmente, ou infelizmente, é bem comum ter que pular de projeto ou empresa de tempos em tempos. A dinâmica da indústria de jogos é a de trabalhar por projeto (principalmente em empresas que fazem outsourcing, ou seja, executam projetos de terceiros) e faz com que os profissionais da área precisem se preparar para esse tipo de situação transitória.

É possível que, entre um projeto ou empresa e outro, você fique sem emprego por um certo período.

Saber que isso é uma possibilidade vai te ajudar a se preparar melhor e não tomar nenhum susto caso passe por algum layoff, ou o projeto em que você trabalhou terminar.

3. Networking é mais importante do que você imagina

Talvez você já tenha ouvido a expressão “o mercado de games é uma bolha”. Caso não tenha ouvido ainda, agora ouviu.

Uma das melhores formas de aumentar as chances de entrar nessa bolha, ou conseguir rapidamente se realocar caso seja demitido, é tendo muitas conexões com pessoas que trabalham na área.

Como fazer isso? Bom, são várias. Por exemplo:

  • Se conectar no Linkedin e acompanhar essas pessoas;
  • Fazer mentorias com profissionais da área no Mentorias Games Brasil;
  • Participar de eventos de games online ou presencialmente.

4. Existem muitas possibilidades

Quando falamos de trabalhar com desenvolvimento de games, o que mais ouço das pessoas é que elas querem trabalhar com jogos de entretenimento (God Of War, Hollow Knight, Fortnite, Minecraft etc).

Essa é apenas UMA de muitas possibilidades. É possível que você não consiga a primeira vaga de emprego em um estúdio de jogos de entretenimento, e isso não deveria te desencorajar. Existem muitos outros tipos de jogos que te darão experiência para trabalhar com jogos de entretenimento no futuro.

Algumas das possibilidades a serem exploradas são:

  • Jogos educativos;
  • Jogos mobile;
  • Jogos de simulação para empresas e treinamentos;
  • Gamificação (de plataformas ou sistemas internos de empresas).

5. Não é nada fácil

Por mais que muita gente possa fazer parecer que trabalhar com desenvolvimento de games é fácil e vai te tornar rico, muito provavelmente nada disso vai ser verdade (pelo menos no primeiro momento da sua carreira).

Minha própria experiência: no começo da carreira, mandei currículo para todos os estúdios que conhecia no Brasil e fora dele. Ninguém respondeu na primeira vez, um verdadeiro balde de água fria.

Depois de melhorar meu currículo e portfólio com jogos autorais feitos em game jams, ao invés de ser ignorado comecei a receber alguns “não”. Depois de mais ou menos um ano mandando currículos e tentando trabalhar na área, finalmente consegui o primeiro emprego como game designer.

Nada fácil, nem glamuroso, né? Mas já faz cinco anos que meu sustento vem do desenvolvimento de jogos. É algo possível de conseguir, mas geralmente muito mais difícil do que as pessoas falam.

Meu objetivo ao falar sobre isso aqui não é te desencorajar de seguir seu sonho de trabalhar com games (caso seja esse), mas fazer com que você se prepare melhor do que eu me preparei.

Conclusão

Espero que essas informações tenham sido úteis e realmente te ajudem na carreira de games! Caso você tenha gostado do que escrevi, te convido a conhecer e se inscrever na minha newsletter (bom dia, gedê), onde compartilho conteúdo sobre a indústria de games brasileira e game design.

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