Mais da metade das crianças e adolescentes interagem com desconhecidos em jogos online

Pesquisa da Unico e do Instituto Locomotiva indica ainda que 17% dos pais sabem que filhos têm perfis em sites de apostas online
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Foto: Canva

Mais da metade (55%) das crianças e dos adolescentes brasileiros que jogam online mantêm contato com pessoas desconhecidas durante partidas, incluindo conversando e interagindo – um número considerado preocupante por especialistas. O dado faz parte de uma pesquisa divulgada recentemente pela Unico, empresa de tecnologia especialista em identidade, e encomendada ao Instituto Locomotiva.

Segundo o levantamento, 86% dos jovens brasileiros jogam ou acessam jogos online e 74% o fazem semanalmente. A pesquisa confirma, segundo as partes que a produziram, a necessidade de ações de letramento e educação digital para pais, educadores, crianças e adolescentes.

A pesquisa foi realizada em duas etapas: qualitativa, com nove especialistas em proteção de dados de crianças e adolescentes em ambientes digitais; e quantitativa, com 2.006 responsáveis por crianças e adolescentes em todo o Brasil. O levantamento ocorreu entre 9 e 24 de outubro de 2024, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais.

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“Vemos um cenário de alta exposição digital e vulnerabilidade de menores de idade, o que indica a necessidade de melhor orientação parental no ambiente online”, diz em comunicado enviado TGE o diretor de políticas públicas da Único, Felipe Magrim. “É um alerta para pais e educadores, visto que a interação com desconhecidos em ambientes virtuais expõe crianças e adolescentes a diversos riscos, incluindo cyberbullying, assédio, fraudes e golpes.”

Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, a falta de supervisão e controles expõem menores de idade a riscos diversos. Para ele, os ambientes digitais – incluindo jogos – estão “moldando as novas gerações”, o que traz desafios importantes.

“Os jogos online já fazem parte do cotidiano de crianças e adolescentes, mas também de muitos adultos (78% dos pais afirmam jogar ou acessar games, sendo que 58% fazem isso semanalmente e 17% diariamente), evidenciando a necessidade urgente de diálogo e conscientização nas famílias”, diz. “Mais do que proteger, é preciso garantir que essa geração — e seus pais — naveguem na internet de forma segura e saudável, transformando o digital em uma ferramenta de crescimento, e não de vulnerabilidade”.

Apostas preocupam

A pesquisa também mapeou a relação dos jovens com sites de apostas esportivas, e o cenário é considerando ainda mais preocupante: 17% dos pais declaram que seus filhos de sete a 17 anos possuem perfil nesses sites ou em plataformas de cassinos online.

A pesquisa da Unico mostra que os jovens estão apostando ativamente, e pagam usando Pix (63%), cartão de crédito (48%), cartão de débito (38%) e boleto (14%). Cerca de 13% dos pais dizem não saber qual é o método de pagamento utilizado por seus filhos nessas plataformas.

“A facilidade de acesso e o uso de métodos de pagamento, muitas vezes sem supervisão ou conhecimento dos pais, expõem os jovens a riscos financeiros e emocionais graves, além de possíveis fraudes. É fundamental que as plataformas, em parceria com órgãos reguladores, implementem tecnologias de verificação de identidade que impeçam o cadastro e a participação de menores nesses ambientes”, diz Magrim, que defende medidas “mais robustas” para impedir crianças e adolescentes em sites de apostas.

Segundo ele, a lei 14.790/2023, que regulamentou as apostas online, obriga as empresas do setor a cumprirem requisitos para se manterem regulares. Uma dessas exigências é a utilização de biometria facial para autenticar a identidade dos usuários, com objetivo de barrar o acesso de pessoas proibidas por lei de jogar – incluindo menores de idade.

De acordo com levantamento recente do Banco Central, os brasileiros desembolsaram, até o final de setembro de 2024, R$ 21 bilhões por mês em casas de apostas online. A instituição estima que o País tenha 24 milhões de apostadores por mês, o que significa 11,3% da população brasileira.

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