O número de gamers que usam o aplicativo do Xbox Game Pass em televisores inteligentes (as chamadas smart TVs) da Samsung no Brasil é o maior do mundo, superando mercados desenvolvidos como os EUA e países da Europa. O número exato de usuários não foi revelado, mas a liderança foi confirmada tanto pela Samsung como pela Microsoft em apresentação online realizada por ambas nessa terça-feira (26).
No mundo, segundo o último balanço da Microsoft divulgado em fevereiro desse ano, o número de assinantes do Game Pass era de 34 milhões (não há dados mais recentes). A empresa revelou no evento com a Samsung que o número de assinantes do GP específicos do Brasil cresceu “dois dígitos” no último ano fiscal, o que significa alguma coisa acima de 10%, uma das maiores taxas de adesão globais.
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Dados da Pesquisa Game Brasil revelados no evento indicam que o Game Pass é de fato o serviço de games mais assinado no Brasil, com 38,9% da preferência, um pouco a frente do PlayStation Plus (32,7%) e do Nintendo Switch Online (9,1%). Esses percentuais somam as várias faixas de assinatura dentro de cada um desses serviços.
Foram ouvidas 13.360 pessoas entre 21 de dezembro de 2023 e 17 de janeiro de 2024, período de coleta da última PGB.
“O [Game Pass] Ultimate acaba sendo o principal quando se faz a quebra [de cada categoria de serviço]”, explicou Carlos Silva, CEO da Game Gamers, empresa responsável pela pesquisa. “Isso mostra o papel agregador do serviço na experiência dos consumidores.”
Isso é um Xbox?
Segundo Iñigo Sancho, diretor para a marca Xbox na América Latina, que participou do evento online, a Microsoft está tendo “muito sucesso” com games no Brasil, e atribui o resultado à estratégia que combina disponibilidade de conteúdo no Game Pass, a aproximação da empresa à comunidade local e a possibilidade de jogar em vários dispositivos além dos consoles graças aos serviços de nuvem (Xbox Cloud Gaming).
“O Brasil se destaca na opção por novas tecnologias. Estamos muito felizes de ver o Game Pass ser o serviço líder em assinaturas de gaming no Brasil. O que não nos surpreende muito porque só no último ano tivemos crescimento de dois dígitos no número de usuários de Game Pass no País”, contou Sancho. “Isso mostra a paixão dos gamers brasileiros pelo nosso serviço.”
O executivo atribui o bom resultado ao desejo dos brasileiros em ter mais “variedade e flexibilidade”. Segundo ele, a nuvem é vista pela própria Microsoft como “oportunidade incremental”, uma vez que o jogador pode começar um game no console e depois migrar para o celular enquanto se desloca, por exemplo.
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“Essa flexibilidade é muito importante não só para quem é gamer. Estamos atingindo novos jogadores. Por exemplo quem comprou uma TV e talvez não possa agora comprar um console, mas basta um controle para ter acesso à experiência Xbox”, disse ele, se referindo ao aplicativo disponível em TVs Samsung. “Acho que essa flexibilidade está permitindo a assinatura ter mais valor.”
O executivo também destacou a quantidade de conteúdo lançado no Game Pass como parte da explicação, citando o cronograma de lançamentos dos 30 estúdios próprios da Microsoft e, nominalmente, a entrada de Call of Duty: Black Ops 6, lançado em 25 de outubro, direto no catálogo do Game Pass Ultimate.
Os resultados parecem em linha com a estratégia recente de Xbox, mais focado em serviços e catálogo de games do que em dispositivos. A empresa lançou recentemente uma campanha de marketing global chamada “Isto é um Xbox”, em que ressalta a atual estratégia multidispositivos. Outro reforço dela é que o líder de Xbox na Microsoft, Phil Spencer, afirmou recentemente que a empresa está em estágios iniciais de desenvolvimento de um portátil.
O TGE tentou, durante o evento, questionar Sancho a respeito desse direcionamento e o impacto dele na venda de consoles no Brasil, mas não houve espaço para perguntas e respostas no evento.
Isso é uma Samsung?
O recorte apresentado por Carlos Silva durante o evento promovido por Microsoft e Samsung também revelou uma preferência do gamer brasileiro por dispositivos da marca coreana para jogar. Segundo a PGB, 51% dos jogadores do País preferem uma TV da Samsung, com a LG aparecendo bem atrás (19,8%) e a Sony em seguida (8%).
Os monitores da Samsung também parecem gozar de preferência, com 24,4% das respostas, com Dell (11,8%) e LG (10,8%) em seguida. A empresa coreana também lidera em notebooks, dessa vez com margem mais estreita – 17,1% vs os 13,9% da Dell. Nesse segmento de computadores portáteis, no entanto, são considerados dispositivos “low spec”, ou seja, notebooks gamers, excluindo os desktops.
Nos smartphones, segundo Silva, a Samsung lidera pelo menos desde 2016. Nos resultados da pesquisa desse ano, a empresa aparece com 34,7% de preferência para jogo, seguida da Apple com 21,5% e da Xiaomi com 16,2%. “A Samsung tem uma capilaridade muito grande por conta do Android. Os resultados mostram uma relevância da marca quando se pensa em cada perfil e experiência”, ressaltou Silva.
Thiago Cesar, diretor de marketing da Samsung do Brasil, disse no evento que o resultado desperta “orgulho”, e o atribuiu a qualidade da experiência oferecida pelos dispositivos da marca para quem quer jogar – não importa o perfil que esse usuário tenha.
“Quando olhamos para o gamer percebemos que muitos marketeiros [das marcas concorrentes], principalmente depois da pandemia, trouxeram o foco [das campanhas] para o gamer jovem. E nós discordamos um pouco disso. Gamer é gamer”, ressaltou. “Construímos portfólio para atender todos os públicos, não só os geracionais.”
O executivo também ressaltou as TVs conectadas e pensadas para diferentes públicas gamers, sejam os que buscam TVs mais básicas ou mais requintadas. “Esse ecossistema facilita a vida do consumidor gamer”, ressaltou.