Google confirma terceira rodada do Indie Games Fund ainda em 2024

Asantee Games e Creative Hand contam como ser contemplado pelo fundo para estúdios latinos mudou suas trajetórias
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Imagem: Google

Uma das novidades anunciadas pelo Google durante a Gamescom Latam é a confirmação de que, sim, haverá uma nova edição do Indie Games Fund na América Latina ainda em 2024. Será a terceira vez que a big tech promoverá estúdios indie de jogos eletrônicos da região em uma edição localizada do programa de fomento.

Os estúdios contemplados recebem um aporte financeiro – na última edição foram US$ 200 mil – e integram um programa de aceleração baseado em conhecimento e ferramentas para publicação de um jogo na loja do Android, a Google Play, e no serviço por assinatura Play Pass. O objetivo é, segundo a própria empresa, “ajudar os estúdios a construir e crescer seus negócios”.

O The Gaming Era conversou, durante a Gamescom Latam, com Daniel Trócoli, head de parcerias para games da Google Play. Na ocasião o executivo não pode dar muitos detalhes sobre a nova edição do programa além da confirmação da realização de um próximo ciclo.

“Anunciamos uma terceira rodada, mas foi só um teaser. Temos uma série de deveres de casa ainda, como definir datas de início e término, mas não quisemos perder a oportunidade de estar [na Gamescom] e compartilhar essa notícia”, disse Trócoli. “Quando tivermos mais clareza [dos detalhes], a gente comunica a comunidade.”

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Daniel Trócoli, do Google. Foto: Divulgação

O executivo confirma que “sai esse ano!”, ou seja, a nova edição do fundo será sim lançada em 2024. Mas não foram revelados valores totais ou parciais, nem se haverá mudanças no perfil dos estúdios contemplados – no passado, só podiam participar estúdios fundados em países da América Latina com menos de 50 funcionários e fazendo jogos com “alto potencial de crescimento”, ou seja, com games em fases finais de desenvolvimento.

Trócoli diz que, mais que o aporte financeiro, a empresa oferece aos contemplados pelo fundo ferramentas que “otimizam o negócio, e permitem testes e experimentos”. E que o incentivo dado é “um primeiro fôlego” para lançar um produto e, no caso dos estúdios que sequer pensaram nisso antes, trazer o game para dispositivos móveis.

“O jogo móvel era visto como ‘coisa menor’, mas agora há jogos móveis de grandes orçamentos e campanhas”, diz ele, citando a finlandesa Supercell como um desse exemplos de sucesso. A companhia nórdica tinha um estande na Gamescom Latam em que dividiu espaço com o próprio Google.

“A gente entende onde estão os pontos de contato para que esse produto [o game] possa ter mais sucesso e o usuário o encontre [na Play Store]. Sempre trabalhamos muito essa questão do conhecimento porque queremos mais desenvolvedores da região [no ecossistema do Android]”, diz o head do Google.

Dedilhando violão

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André Santee, cofundador do Asantee Games. Foto: arquivo pessoal

Um dos estúdios contemplados pelo Indie Games Fund em edições anteriores foi a Asantee Games, de Campo Grande (MS). Segundo André Santee, sócio-fundador, além de designer, programador e “um monte de cargos acumulados”, o estúdio começou em 2012 de forma artesanal, “quase na garagem dos meus pais”.

Hoje o maior sucesso da empresa, o jogo de plataforma com elementos de RPG Magic Rampage, acumula mais de 35 milhões de downloads somados nas plataformas em que foi lançado (PC, Android e iOS). Após mais de 10 anos de desenvolvimento, o game segue em evolução. “Tem muita coisa que eu quero fazer nele ainda”, disse Santee ao TGE.

Mas “cruzar a linha entre o ‘estou pagando para trabalhar’ e ter resultados foi a parte mais difícil”, lembra o desenvolvedor. O Asantee tem atualmente oito funcionários, com pequenas variações temporárias dependendo de cada projeto, e já experimentou diversas formas de monetização de games ao longo da trajetória do estúdio, inclusive compras in-game e anúncios.

Com a entrada no serviço Play Pass após o aporte na primeira edição do Indie Games Fund, uma fonte importante de receita recorrente também surgiu para o estúdio sul-mato-grossense. “Meu conselho [para outros desenvolvedores] é: façam as coisas. Brinque de fazer jogos. Pratique e evolua nesse processo. Seja o cara que fica dedilhando violão de bobeira em casa”, diz.

Se virando nos 30

Suellen Fernandes, Ramon Barbosa, Creative Hand
Suellen Fernandes e Ramon Barbosa, cofundadores do Creative Hand. Foto: arquivo pessoal

Ramon Barbosa e Suellen Fernandes são o casal de fundadores por trás do Creative Hand, estúdio paulistano especialista em pixel art também contemplado pelo Indie Game Fund, mas na segunda edição. A empresa existe desde 2018 e tem como último lançamento o game Tiny Witch, lançado para PC em setembro do ano passado e agora em processo de adaptação para Android.

“É o nosso terceiro jogo”, conta Suellen, que se desdobra entre várias funções na empresa. “Eu sou administrativo, financeiro, comercial…”, conta, rindo. Enquanto ela é responsável pelas funções de negócio, incluindo contratos, relação com fornecedores, contabilidade e outras, Ramon fica com o desenvolvimento.

“Eu tinha o sonho de criar meu próprio jogo porque cresci jogando no Super Nintendo, no Mega Drive etc. Mas eu queria mesmo era criar o jogo favorito de uma geração e ser lembrado para sempre. É por isso que eu faço games”, conta ele.

Para ambos, o aporte do fundo do Google fez a diferença entre ter vários trabalhos e poder, finalmente, se dedicar ao próprio estúdio integralmente. “Hoje temos bem mais oportunidades, mas viemos de uma época em que era tudo mais difícil [para desenvolvedores indie]”, diz Ramon.

Como conselho para quem está entrando no mundo dos games agora, Suellen diz que é importante se focar em finalmente entregar alguma coisa. “Nós conhecemos programadores que nunca encerram o processo achando que nunca está pronto, mas na verdade está”, pondera ela.

“E o fato de não programar não te impede. Se você gosta de contas, tem lugar para você. Se você gosta de desenhos, de música, de contar histórias… Tudo isso você consegue colocar na indústria de jogos”, ressalta.

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