A Gamescom Latam acabou, mas não o interesse do mercado alemão de games pelo Brasil. Não por acaso foi anunciado nessa terça-feira (2), em São Paulo, que o governo da Alemanha estuda ter um pavilhão no evento, que em 2025 acontecerá no Centro de Convenções do Anhembi. Além disso, uma linha de crédito de € 50 milhões poderá ser acessada, a partir do ano que vem, por estúdios brasileiros que tenham projetos de games feitos em parceria cm pequenas e médias empresas alemãs.
“Fico feliz que a Gamescom, que aqui se tornou Gamescom Latam, foi realizada no Brasil. Ainda mais empolgante é termos recebido a informação de que, no ano que vem, o Ministério da Economia e Proteção Climática [da Alemanha] aprovará um pavilhão alemão na feira”, antecipou a Barbara Konner, vice-presidente executiva da Câmara Brasil Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo), que realizou um evento nessa terça-feira (2) em um hotel na capital paulista.
O evento foi parte de uma missão promovida pela AHK e apoiada pelo governo alemão durante essa semana. Participaram representantes de cinco empresas alemãs do setor de games que estão em São Paulo desde a semana passada para apresentar tecnologias e produtos aos brasileiros.
“Eu fui [à Gamescom Latam] no domingo (30) e fiquei impressionado com tudo que vi. É o mesmo sentimento de Colônia [onde acontece a Gamescom original]. Não vai demorar muito e a Gamescom em São Paulo vai ser tão grande e famosa quanto a da Alemanha”, disse Sebastian Steinbach, executivo da unidade de games do Ministério de Economia e Proteção Climática da Alemanha. “É o começo de uma história de sucesso para nossos dois países.”
Em conversa com o TGE, Steinbach confirmou que a nova linha de fomento estará acessível para empresas brasileiras a partir de 2025, já que as submissões para esse ano já foram encerradas. E que poderão se beneficiar coproduções entre empresas brasileiras e alemãs. Também celebrou o fato de que estande brasileiro na Gamescom de Colônia em agosto será “bem grande, com mais de 50 empresas brasileiras”.
“A Alemanha demonstra claros sinais de que esse mercado é de interesse para a economia do país”, disse Barbara Konner. “O objetivo é desenvolver um ecossistema que integra pequenas, médias e grandes empresas e ampliem a criação de know-how e talentos. É mais um segmento que se abre como oportunidade de negócios entre Brasil e Alemanha.”
A AHK Brasil existe desde 1916 e é um esforço do governo alemão para criar um ambiente de negócios entre Brasil e Alemanha. Ao longo desses anos, já intermediou negócios em diversos setores, inclusive energia, combustível verde, mineração, indústria 4.0, mobilidade e indústria aeroespacial, entre outras.
No setor de jogos eletrônicos, o objetivo é fazer o mesmo. “Games são uma tendência que não é recente, mas é muito importante. Antes visto como um setor de entretenimento nichado, agora ele representa um mercado em expansão”, disse Barbara, citando um estudo da PwC que estima crescimento de 15,2% do mercado brasileiro de games até 2026, alcançando US$ 2,8 bilhões em receitas.
Segundo ela, o Brasil será responsável por 47,4% da receita da América Latina, quase metade da região.
Internacionalização brasileira
Rodrigo Terra, presidente executivo da Associação Brasileira de Desenvolvedores de Jogos Eletrônicos, a Abragames, também esteve no evento. Ele celebrou o sucesso da Gamescom Latam como uma “grande conquista da indústria brasileira”. E confirmou que o estande brasileira na Gamescom de Colônia em agosto pode chegar a até 60 estúdios nacionais.
E ressaltou que a indústria brasileira, em conjunto com a agência de fomento ApexBrasil, acumula anos de esforço para internacionalização dos estúdios nacionais.
“Para a gente isso marca um próximo passo da nossa indústria. Mostra muito da relação que a gente tem com a Gamescom e a própria Alemanha há mais de década também”, disse Terra. “A Gamescom nunca foi uma dúvida para nós.”
Terra disse que a Alemanha “sempre foi um placo internacional” que permite aos estúdios brasileiros fazer uma “ponte para o mercado europeu, o asiático, e também das Américas.” Segundo o presidente da Abragames, parceiros internacionais “são não só bem-vindos, como desejáveis” para acelerar o processo de aceleração das empresas brasileiras de games.