A IGN Entertainment, empresa americana de mídia e entretenimento gamer e de cultura pop, anunciou nessa terça-feira (21) a compra da Gamer Network, rede de sites e canais jornalísticos de games que fazia parte da grupo britânico ReedPop desde 2018. O valor do negócio não foi relevado, mas demissões já foram feitas e incluem profissionais veteranos de veículos como o Games Industry, Rock Paper Shotgun e VG247.
O ReedPop, aliás, procurava compradores para a Gamer Network desde novembro do ano passado, conforme noticiado à época. A empresa britânica é organizadora de uma série de eventos de games e cultura pop, incluindo as americanas Comic Con de Nova Iorque e a Comic & Entertainment Expo de Chicago, além dos eventos da série PAX, entre outros. A venda para o IGN não inclui quaisquer dessas marcas, apenas sites e canais.
O IGN, aliás, faz parte de um grupo de mídia muito maior, o Ziff Davis, que inclui marcas digitais e companhias de internet especializados em tecnologia, compras, games e entretenimento, saúde e bem-estar, cibersegurança e marketing, entre outros. O grupo faturou US$ 1,4 bilhões somente no primeiro trimestre de 2024 e inclui marcas inusitadas, como a Ookla (sim, aquela do teste de velocidade) e a varejistas de gift cards TDS.
Chama atenção o fato de os dois grupos de mídia, comprado e comprador, serem concorrentes em muitas medidas. O IGN é mais conhecido pelo site de notícias sobre games e cultura pop de mesmo nome que tem versões para 110 países em 20 línguas diferentes, inclusive na Europa – e uma versão brasileira desde 2015 -, e também é dona dos sites Mashable e da PCMag, além da loja e publisher indie Humble Bundle.
Já a Gamer Network é outra empresa profícua em marcas e audiência concentrada principalmente nos países europeus. Além do especialista em negócios do setor de jogos eletrônicos Games Industry – que é em parte inspiração para a criação do próprio The Gaming Era -, há sites muito conhecidos como o Eurogamer (que já teve uma versão brasileira no passado e cuja versão portuguesa é muito lida por brasileiros), VG247, Video Games Chronicle (VGC), Rock Paper Shotgun e Digital Foundry, entre outros.
Também fazem parte da rede uma série de publicações dedicadas a consoles reunidas sobre a marca Hookshot, e que curiosamente já tinham a IGN como acionista. São elas a Nintendo Life, a Pure Xbox e a Push Square -, além do Time Extension (sobre retro gaming) e o próprio Digital Foundry.
Somados, todos os veículos que agora fazem parte da rede da IGN Entertainment são um dos maiores grupos de conteúdo noticioso sobre games do mundo. Consulta feita pelo TGE na data de publicação dessa notícia na plataforma de análise de tráfego Similarweb mostra o IGN como oitavo site sobre games mais lido do mundo, sendo o segundo de notícias, atrás apenas do japonês Game With.
LEIA TAMBÉM: Newzoo revisa para baixo receita do mercado global de games de 2023
Foram 114 milhões de visitas no último mês, segundo a plataforma de análises. O próprio IGN contabiliza audiência mensal de 349 milhões de usuários em todos os seus sites no mundo. Já os veículos da Gamer Network somam cerca de 67 milhões de usuários ativos por mês. Essa audiência somada é digna de nota, o que, é claro, não necessariamente se traduz em rentabilidade.
O negócio, como é de praxe, ainda depende de aprovação de órgãos regulatórios de concorrência nos EUA e nos países em que os veículos atuam.
Demissões já chegaram
Como era de se esperar diante de uma aquisição desse tamanho, demissões já aconteceram. Em publicação no LinkedIn, o editor-chefe do Games Industry, James Batchelor, confirmou que dois funcionários de sua equipe foram demitidos. São eles o experiente editor Brendan Sinclair (que passou 12 anos na equipe do site) e o repórter Jeffrey Rousseau.
Alice Bell, então vice-editora do Rock Paper Shotgun, também confirmou no X (antigo Twitter) que foi uma das afetadas. Veja abaixo:
Stephany Nunneley-Jackson, editora sênior do VG247, também publicou que faz parte do “grupo” dos demitidos – ou seja, há mais profissionais na lista. Stephany também tinha uma longa carreira no site de notícias: quase 12 anos.
Ao site Aftermath, ela (e outros jornalistas que preferiram permanecer anônimos) disseram que os cortes por conta de “redundâncias” são generalizados. Segundo ela, “pelo menos uma pessoa de quase todo departamento de uma empresa como esta, como você pode imaginar, recebeu más notícias hoje”.
Ela também diz que essas redundâncias afetaram principalmente funcionários da Gamer Network fora do Reino Unido – a rede opera em vários países da Europa. Todo os que se pronunciaram não deram mais detalhes sobre a abrangência do layoff, nem se ele afeta profissionais de fora das redações.
O TGE vai tentar confirmar essas informações e descobrir o número de afetados ao longo das próximas horas.
* com informações dos sites Games Industry e Aftermath